Atracado no porto de Antígua e Barbuda desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, o superiate de luxo russo Alfa Nero está abandonado há mais de um ano no Caribe. Com valor de US$ 120 milhões (cerca de R$ 595 milhões), o iate é cercado de mistérios, uma vez que as autoridades locais ainda não conseguiram identificar quem é seu verdadeiro dono.
Depois de mais de um ano responsável por ele, o governo de Antígua e Barbuda agora deseja se livrar da embarcação. As contas necessárias para mantê-la, juntamente com a pequena tripulação, ultrapassam US$ 100 mil por mês (cerca de R$ 500 mil). Há ainda 6 dos 44 tripulantes no iate.
Para se livrar do custo, evitar um acidente ou uma “fuga” do iate com a chegada da temporada de furacões, as autoridades pediram aos EUA que suspendessem as sanções internacionais impostas à embarcação, para que ela pudesse ser leiloada.
Enquanto o superiate estiver na lista de sanções, entretanto, ainda não será possível vendê-lo. Nesse meio tempo, o governo caribenho diz que já recebeu cerca de 20 lances.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, os EUA e seus aliados impuseram sanções contra dezenas de russos ricos para punir Putin e pessoas próximas a ele. No processo, iates de luxo associados à Rússia acabaram passando de artefatos bilionários para símbolos da crescente inimizade entre a Rússia e o Ocidente. Mais de duas dúzias de embarcações no valor de cerca de US$ 4 bilhões foram apreendidas em portos ao redor do mundo desde então.
O Alfa Nero tem 81 metros de comprimento com piscina de borda infinita, que se transforma em heliponto, cinco cabines de luxo, spa, academia, elevador – tudo sem uso.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, a suspeita era de que a embarcação pertencia ao bilionário russo Andrei Guryev, que passou a enfrentar sanções impostas por Reino Unido e EUA logo após as tropas russas cruzarem a fronteira da Ucrânia.
A hipótese, porém, foi negada pela equipe jurídica de Guryev. Um advogado do bilionário disse que ele usa o Alfa Nero “de vez em quando” desde 2014. Os registros públicos, da mesma forma, são incapazes de revelar quem é o proprietário.
De acordo com a Bloomberg, a notificação da apreensão do navio pelo governo de Antígua e Barbuda, pequeno país de 100 mil habitantes, é dirigida a Guryev, bem como a empresas nas Ilhas Virgens Britânicas e Ilhas do Canal da Mancha.
No ano passado, uma reportagem do jornal britânico The Guardian, com base em uma série de e-mails rastreados, mostrou que palácios, iates e vinhedos oferecidos a Putin por amigos e oligarcas fazem parte de uma rede informal de ativos no valor de mais de US$ 4,5 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.