As Ilhas Salomão não permitiram uma escala de rotina de um barco de patrulha dos Estados Unidos em seu território, um sinal de tensão nas relações entre Washington e o arquipélago cada vez mais próximo da China.
A embarcação Oliver Henry “tinha programado fazer uma parada de rotina nas Ilhas Salomão”, disse a Guarda Costeira dos EUA, em nota. “O governo das Ilhas Salomão não respondeu ao pedido dos Estados Unidos para permitir que a embarcação se reabasteça de combustível e alimentos em Honiara [capital das ilhas]. O Departamento de Estado está em contato com o governo das Ilhas Salomão e espera que todas as futuras solicitações de hospitalidade do governo dos EUA sejam atendidas”.
A Guarda Costeira não informou a data do incidente, mas publicou uma foto do Oliver Henry em 14 de agosto, confirmando sua chegada a Papua Nova Guiné. A legenda afirma que o barco partiu de Guam.
A agência de pesca do Fórum das Ilhas do Pacífico, um bloco de 17 nações do Pacífico, tem um centro de vigilância marítima em Honiara e realiza operações anuais de vigilância da pesca ilegal com assistência da Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia e França.
O governo das Ilhas Salomão, que recentemente fechou um acordo de segurança com a China, está considerando adiar as eleições.
Ex-protetorado
O arquipélago foi cenário da batalha de Guadalcanal, a primeira grande ofensiva terrestre dos Estados Unidos e seus aliados contra o Japão em 1942 e um ponto de inflexão na Guerra do Pacífico.
Protetorado britânico até 1978, quando tornaram-se um país independente, as Ilhas Salomão abrigam hoje quase 700 mil habitantes e mais de 60 idiomas, num arquipélago marcado há décadas por distúrbios étnicos e políticos. A pedido do governo, uma força internacional liderada pela Austrália foi enviada ao país em 2003 para restaurar a ordem e lá permaneceu por 14 anos, apesar das tentativas de expulsá-las feitas pelo primeiro-ministro, Manasseh Sogavare, em suas três passagens (não consecutivas) pelo poder.
Eleito pela quarta vez em 2019, ele logo tomou a decisão que sacudiria o ambiente doméstico e a geopolítica da região.
Meses depois de tomar posse, Sogavare determinou que as Ilhas Salomão deixassem o diminuto grupo de 14 países que ainda reconhecem Taiwan como nação independente, e estabeleceu relações diplomáticas com Pequim.
Maior oceano do planeta, com vastos recursos minerais e de pesca, além de importante rota comercial, o Pacífico tornou-se o principal cenário da tensão entre China e EUA na chamada “nova guerra fria”. Com Pequim na mira, os EUA têm reforçado suas alianças militares regionais.
As alianças lideradas pelos EUA aumentam o temor da China de se ver cercada por potências hostis, um trauma histórico com cicatrizes deixadas pelo chamado “século de humilhação”, em que o país foi subjugado quando estava em inferioridade naval.