Ícone do site Jornal O Sul

A imagem do Brasil se deteriora, diz uma fundação alemã ligada à primeira-ministra Angela Merkel

Relatório avalia que Michel perdeu a credibilidade. (Foto: Reprodução)

A Fundação Konrad Adenauer, ligada à CDU (União Democrata-Cristã), partido de primeira-ministra alemã Angela Merkel, divulgou um relatório de seis páginas afirmando que o Brasil perdeu importância no cenário internacional e está desperdiçando seu potencial geopolítico.

O documento, publicado em alemão no dia 13 de junho e em português nessa sexta-feira), critica o presidente Michel Temer e avalia que ele perdeu credibilidade mas continua se mantendo no poder por meio de manobras políticas questionáveis. “Não obstante, a saída de Temer tampouco parece ser a solução do problema”, ressalta o texto. “Não há solução à vista para a crise política no Brasil”.

A Fundação ainda critica o Poder Legislativo brasileiro, que não votou e não debate as reformas estruturais do País porque a maior parte dele também está envolvido na Operação Lava-Jato. Também não sou poupadas críticas ao Judiciário, que estariam ficando cada vez mais “politizado”.

O texto também classifica como uma “farsa” o recente julgamento realizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que absolveu a chapa vencedora da eleição presidencial de 2014, formada por Dilma Rousseff e Michel Temer. Os únicos elogios vão para a Lava-Jato que, segundo a entidade, é um sinal na mudança da “cultura da impunidade” supostamente vigente no Brasil.

“Com tantos problemas internos, o Brasil está perdendo espaço no campo internacional, provocando um isolamento que pode ser difícil de reverter”, prossegue o documento. “É sintomático que a chanceler Angela Merkel tenha deixado o Brasil de fora de sua viagem de quatro dias à América Latina, cuja pauta incluía temas relacionados ao G-20, grupo do qual o Brasil faz parte”, cogita a entidade. “As consultas em alto nível entre Brasil e Alemanha, previstas para o início do verão europeu, devem ser canceladas.”

A Fundação alerta que o País está desperdiçando o seu potencial geopolítico: “Esse isolamento é um passo que o Brasil não deveria arriscar, pondo a perder conquistas políticas e econômicas – mas não há saída à vista”.

Em seu site, a Konrad Adenauer se descreve como “uma fundação política alemã, independente e sem fins lucrativos”, presente no Brasil desde 1969 e cujos “interesses específicos são a consolidação da Democracia, o fomento da unificação europeia, a intensificação das relações transatlânticas e a cooperação na política em prol do desenvolvimento”.

Riscos

Em meio à crise política agravada pela delação de empresários da JBS/Friboi, na semana anterior ao seu embarque para o Europa o presidente Michel Temer chegou a ser alertado por interlocutores sobre os riscos políticos de se ausentar do País durante quase uma semana. Mesmo assim, o peemedebista decidiu manter a viagem para a Rússia e a Noruega com o objetivo de mostrar que “o País não está parado”.

Além disso, para dar uma demonstração de força política, Temer reuniu 14 governadores e cinco vices para um jantar no Palácio da Alvorada, em 13 de junho, após o Tribunal Superior Eleitoral ter evitado a cassação de seu mandato e o PSDB decidir permanecer na base aliada. Também estavam no Alvorada os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (Planejamento), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), além do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Sair da versão mobile