Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 1 de outubro de 2020
Ação do vírus nas células é incomum, afirma pesquisadora.
Foto: LMMV/IOC/FiocruzImagens com ampliação de 200 mil vezes mostram claramente a ação do novo coronavírus infectando células. O registro, divulgado nesta quinta-feira (1º), foi feito por pesquisadores do IOC/Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz), em parceria com o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).
As fotografias foram obtidas através de microscopia de alta resolução. Elas mostram que as células infectadas apresentam prolongamentos de membrana, chamados de filopódios, que formam conexões com outras células. A alteração pode ser uma das estratégias do vírus para ampliar a infecção.
“Os prolongamentos de membrana participam do processo de liberação das partículas virais que se replicam no interior das células infectadas. Além disso, promovem comunicação intercelular, que acreditamos estar relacionada com a transferência de partículas virais para as células adjacentes, maximizando, assim, o processo de infecção”, explicou a pesquisadora Débora Ferreira Barreto Vieira, do Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral do IOC, coordenadora da pesquisa.
As informações foram divulgadas pela assessoria da Fiocruz na internet. Nas imagens, ampliadas em até 200 mil vezes, é possível observar diversos prolongamentos de membrana nas células infectadas e a conexão entre as células vizinhas. Muitas partículas virais são vistas na superfície celular, inclusive sobre os filopódios.
De acordo com a pesquisadora, os prolongamentos de membrana são causados por alterações do citoesqueleto celular provocadas pela infecção. “São poucos os vírus que causam esse tipo de alteração em células, como ebola e Marburg. O processo que leva as células a ter esse tipo de alteração na infecção pelo SARS-CoV-2 é uma questão que ainda está em aberto e que queremos investigar”, disse Débora.
O estudo foi realizado com células Vero, derivadas de rim de macaco e muito usadas em pesquisas sobre virologia. As imagens são resultados preliminares do projeto de pesquisa ‘Estudo da morfologia, morfogênese e patogênese do SARS-CoV-2 em sistemas in vitro, in vivo’, realizado em colaboração entre Laboratório de Morfologia e Morfogênese Viral e o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do IOC.
As fotografias foram registradas com um microscópio de alta resolução de feixe triplo de íons, em cooperação com os pesquisadores Braulio Archanjo e Willian Silva, do Laboratório de Microscopia Eletrônica do Inmetro.