Segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Por Dennis Munhoz | 15 de janeiro de 2023
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Faz mais de quarenta anos que pouco ou quase nada se faz para solucionar a crise migratória nos Estados Unidos. Independentemente da administração ser democrata ou republicana, que se alternaram no poder durante décadas, apenas paliativos ou soluções pontuais foram adotadas.
Este assunto é de fácil resolução para quem está na oposição, que se transforma em algo insolúvel quando assume o governo. Não foi diferente nestes dois anos da administração Joe Biden. Foi promessa de campanha do então candidato achar soluções humanas e razoáveis para equilibrar e organizar a imigração. Até agora muita conversa e pouco resultado.
Voltando a 1.980, ocorreu o famoso êxodo do Mariel, onde mais de 120.000 cubanos saíram da ilha em apenas sete meses, com concordância silenciosa e estratégica do ditador Fidel Castro, invadindo principalmente Miami. Mais de 125.000 cubanos chegaram a Miami em sete meses, estimando-se que aproximadamente 20% deste total eram prisioneiros em Cuba; não prisioneiros políticos e sim condenados por crimes violentos. Fidel aproveitou para esvaziar as prisões.
Logicamente que tal fato gerou problemas significativos na estrutura de Miami, quer seja para abrigar estas pessoas, alimentação, inserção no mercado de trabalho, escolas e aumento da violência. Foi necessária a intervenção federal para encaminhar alguns cubanos a outros Estados. Como o então prefeito de Miami afirmava: “Foi uma bomba demográfica e uma bomba política”.
O titubeante presidente Jimmy Carter, já em final de mandato, depois de pesadas críticas, resolveu “fechar” as portas e, daí em diante apenas reparos e adequações foram feitos.
Estima-se que aproximadamente 15% da população dos Estados Unidos é formada por imigrantes, o maior percentual do mundo. Apenas no ano passado, 2,7 milhões de imigrantes entraram em solo americano e, a tendência para este ano ainda é maior devido principalmente à crise financeira mundial. Pessoas de países mais pobres, ditaduras e em regiões comandadas pelo narcotráfico tentam buscar refúgio nos Estados Unidos.
Quando a economia vai bem, pleno emprego, falta de mão de obra e necessidade de trabalho braçal ( que os americanos já abandonaram há muitos anos), o assunto da imigração é tratado de forma mais branda, até com hipocrisia, fazendo vista grossa e aceitando sem questionar. Quando o desemprego aumenta, a economia retrai e a violência cresce, a cobrança por providências se acentua. O imigrante passa a ser encarado como alguém que toma o emprego do americano, se envolve com gangues e não respeita autoridade.
O Presidente Biden esteve no México nestes últimos dias e visitou a fronteira, assumindo o compromisso de enfrentar o assunto como deve ser. A maioria republicana na Câmara dos Deputados está pressionando por maior fiscalização, principalmente no que diz respeito à imigração de pessoas da Venezuela, Cuba, Haiti e Nicarágua que tentam entrar pelo México. Foi estabelecido o número máximo mensal de 30 mil imigrantes dos quatro países, desde que o processo legal esteja completo, inclusive com alguém que resida nos Estados Unidos atue como patrocinador.
A importância do imigrante na economia americana é imensurável, todavia deve-se separar o joio do trigo. Uma coisa é o refugiado que pede asilo ou aquele que vem para trabalhar e se dispõe a acatar as leis, outra totalmente diferente são criminosos e traficantes que se utilizam deste expediente para colocarem clandestinamente pessoas em solo americano. A criatividade destes criminosos é enorme. Muitos “coiotes” roubam, estupram e ameaçam imigrantes a entrarem com drogas nos Estados Unidos. Eles procuram mulheres, crianças e idosos que despertam menos a atenção das autoridades e, com o aumento do fluxo migratório a tarefa deles fica mais fácil. Cabe à Polícia de Fronteira dificultar o acesso ilegal e separar o aproveitador do necessitado. A situação na fronteira com o México está ficando insustentável, milhares de imigrantes chegando diariamente sem qualquer infraestrutura para abrigá-los. As autoridades do México e Estados Unidos estão trabalhando no limite e o fluxo aumenta a cada dia.
A Suprema Corte americana prorrogou o Título 42, medida sanitária adotada pela administração Trump que dificulta a entrada no país, medida esta que terminaria no mês passado, mesmo porque a atual administração Biden ainda não apresentou nada eficaz para minimizar o problema. Com a provável retração da economia americana em 2023, os republicanos e a população vão cobrar posturas mais rígidas quanto à imigração.
Apenas para elucidar, que começou a construção do muro entre Estados Unidos e México em 1.994, não foi Presidente Republicano de direita e sim o liberal e tão admirado pela imprensa americana, o democrata Bill Clinton. Nenhum outro Presidente democrata ou republicano “derrubou” o muro.
Dennis Munhoz – advogado, jornalista e correspondente internacional da Rede Mundial e da Rádio Pampa.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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