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Colunistas Imigrantes ilegais: até que ponto as deportações ajudam ou atrapalham os Estados Unidos?

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Algo é inquestionável e inegável: providências urgentes precisavam ser tomadas quanto à imigração e permanência ilegal no país. (Foto: White House/X)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Algo é inquestionável e inegável: providências urgentes precisavam ser tomadas quanto à imigração e permanência ilegal no país. A situação estava praticamente fora do controle, colocando em risco a segurança nacional segundo muitos especialistas e os próprios agentes da fiscalização de fronteiras. O então Presidente Biden delegou a função para sua vice-presidente Kamala Harris que fracassou na empreitada, sendo um dos fatores que prejudicou muito sua disputa com Donald Trump para a presidência.

A grande maioria dos imigrantes que entrou ou permanece ilegalmente nos Estados Unidos é formada por pessoas trabalhadoras e sem histórico criminal, pessoas que saem de seus países em procura de liberdade, crescimento financeiro e melhores oportunidades. Como toda regra tem exceção, criminosos, traficantes de drogas e armas, membros de quadrilhas e fugitivos condenados também se aproveitaram da “fragilidade” na fiscalização e brechas legais para entrar e permanecer no país, principalmente com a pandemia da covid-19.

Pela lei estadunidense, entrar ou permanecer ilegalmente no país é crime, então tecnicamente todos os imigrantes ilegais são criminosos. Logicamente que há diferença enorme entre este tipo de crime e o tráfico de drogas, assassinatos, sequestro, formação de quadrilha etc. Como separar o joio do trigo? Os pedidos de asilo na fronteira com o México (de pessoas de muitos países da América Central e do Sul) cresceram assustadoramente.

Normalmente essas pessoas eram admitidas no território estadunidense enquanto seu pedido era analisado, análise esta que demorava muitos anos. Enquanto isso, recebiam ajuda financeira do governo, moradia, autorização de trabalho, plano de saúde e alguns outros benefícios que custam caro para o contribuinte pagador de impostos. Além dos criminosos que conseguiam entrar e permanecer no país, alguns imigrantes preferiam não trabalhar e permanecer recebendo a ajuda do governo, fato que irritou o norte americano que paga muito imposto, hipoteca da casa, plano de saúde e quase nunca recebe auxílio desemprego. A curto prazo seria impossível imaginar que o trabalho honesto realizado por estes imigrantes legais ou ilegais poderia ser feito pelo norte americano.

Já faz décadas que o estadunidense não se submete a estes trabalhos, preferindo até ganhar menos mas trabalhar em casa ou no escritório com ar condicionado. Quem iria limpar banheiro, abrir estrada, construir casas, desobstruir esgoto, cortar a grama ou lavar pratos em restaurante? Seria ingenuidade acreditar que estas vagas seriam imediatamente preenchidas ou nunca seriam absorvidas. Tem muito mais gente no mundo querendo vir para cá do que para outros países. Tudo seria normalizado a médio prazo com o controle rígido do governo.

O efeito prático das medidas já ocorreu, a entrada pelo México caiu em 95%, muitos imigrantes ilegais já retornaram com receio da prisão ou deportação e criminosos perigosos já foram deportados ou encaminhados para prisões federais ou à temida prisão na base militar em Guantánamo em Cuba. Os efeitos colaterais também já surgiram, imigrantes que trabalhavam honestamente, cujo único crime cometido foi entrar ou permanecer ilegalmente no país também foram presos e deportados, famílias foram separadas, o medo tomou conta de muitas comunidades aqui nos Estados Unidos, principalmente a brasileira. Muitas pessoas não saem de casa, não levam os filhos à escola e não trabalham com medo das blitz da polícia da imigração – ICE (Imigration and Customs Enforcement).

Imaginar que mais de 12 milhões de imigrantes ilegais serão deportados a curto ou médio prazo é praticamente impossível, mesmo porque além de envolver muito dinheiro para investir em pessoal, equipamento e logística, muitos casos esbarrariam na Justiça, que apesar de tratar-se de crime federal, cada Estado e Município tem sua maneira própria de agir. A tendência é que com o passar do tempo, a atuação da polícia e o número de deportações venha a diminuir mesmo porque o recado já foi dado.

O governo Trump já deixou claro que a “moleza” acabou, quer seja na entrada, quer seja na permanência. Era uma das principais promessas de campanha que está sendo cumprida. Como bom negociador que é, o presidente muito provavelmente desenvolverá estratégia a longo prazo para regularizar a situação daqueles que não cometeram crimes graves e não tenham histórico criminal aqui nos Estados Unidos, desde que assim permaneçam e paguem os impostos.

Tal procedimento não desagradaria seu eleitorado e o pagador de imposto em geral, além de amenizar os embates com alas mais a esquerda e do partido democrata. Os imigrantes precisam dos Estados Unidos e o país precisa dos imigrantes, lembrando que as regras são feitas pelo país que recebe e não pelo imigrante que entra. Isso é assim no mundo inteiro.

Dennis Munhoz é jornalista, foi Presidente da TV Record e Superintendente da Rede TV, atualmente atua como correspondente internacional, Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa, apresentador e jornalista da Rede Mundial e Rede Pampa nos Estados Unidos.

* Instagram: @munhozdennis

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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