A soma das exportações entre janeiro e julho foi US$ 28,23 bilhões superior ao valor das importações no mesmo período, resultando, portanto, em um superávit da balança comercial brasileira, informou nesta segunda-feira (1º) o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Trata-se do melhor resultado para os sete primeiros meses de um ano desde o início da série histórica do Ministério da Indústria, em 1989, ou seja, em 28 anos. Até então, o maior saldo para este período havia sido registrado em 2006: superávit de US$ 25,19 bilhões.
O resultado positivo da balança nos sete primeiros meses deste ano também é maior que o superávit registrado em todo ano passado (US$ 19,69 bilhões). De janeiro a julho de 2015, as exportações superaram as importações em US$ 4,61 bilhões.
A melhora do saldo comercial acontece principalmente por conta da forte queda das importações. Isso é consequência da recessão na economia e também do dólar ainda relativamente alto, que encarece as compras de produtos do exterior.
Por outro lado, a valorização do dólar deixa os produtos brasileiros mais baratos, o que facilita exportações.
Na parcial de 2016, as exportações somaram US$ 106,58 bilhões, com média diária de US$ 735 milhões (queda de 5,6% sobre o mesmo período do ano passado). As importações, por sua vez, somaram US$ 78,35 bilhões, ou US$ 540 milhões por dia útil, uma queda de 27,6% em relação ao mesmo período de 2015.
Queda do dólar
Questionado por jornalistas, o diretor do Departamento de estatística e Apoio à Exportação do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Herlon Brandão, disse não ver motivos para acreditar que a queda recente do dólar vá comprometer a previsão do governo de um superávit comercial de US$ 45 bilhões a US$ 50 bilhões para este ano.
“As exportações são contratadas com mais antecedência. O câmbio influencia [o resultado da balança comercial], mas demanda interna e externa são mais determinantes”, disse Brandão.
Ele observou que, nos sete primeiros meses do ano passado, o dólar médio foi de US$ 3 e que, no mesmo período deste ano, foi de US$ 3,65. “Acreditamos que o câmbio médio em 2016 vai ficar acima ainda do ano passado”, acrescentou.
Mês de julho
Somente em julho deste ano, ainda de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a balança comercial registrou superávit de US$ 4,57 bilhões. No mesmo mês do ano passado, o saldo positivo foi de US$ 2,38 bilhões.
Foi o melhor resultado para meses de julho desde 2006, quando houve superávit de US$ 5,65 bilhões. Deste modo, foi o maior superávit comercial para meses de julho em dez anos.
Em julho, as exportações somaram US$ 16,33 bilhões, com média diária de US$ 777 milhões, queda de 3,5% sobre o mesmo mês de 2015. As importações, por sua vez, totalizaram US$ 11,75 bilhões, 20,3% menor que em julho do ano passado.
Estimativas para 2016
A expectativa do mercado financeiro para este ano é de melhora do saldo comercial, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada. O próprio BC também prevê melhora no saldo comercial.
A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 51 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior em 2016. O Ministério do Desenvolvimento estima um saldo positivo entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões.
Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 50 bilhões para 2016, com exportações em US$ 190 bilhões e importações no valor de US$ 140 bilhões. (Alexandro Martello/AG)