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Importações de automóveis crescem 432% em relação a junho de 2023

Anúncio de aumento da taxação pelo governo antecipou compras de veículos fabricados no exterior. (Foto: Volkswagen/Divulgação)

O diretor de Planejamento e Inteligência Comercial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, destacou nessa quinta-feira (4), a forte alta no valor de veículos importados no mês de junho. O crescimento foi de 432% ante o mesmo período do ano passado e foi puxado exclusivamente pelo volume comprado (473%), já que os preços tiveram uma redução de 7,1%. Esse valor ajudou a importação de bens de consumo a apresentar um forte crescimento em junho, de 71,5%.

“Como teve o anúncio de aumento da taxação (em veículos elétricos importados), é esperado que importadores antecipem operações. Tem isso e a demanda, foi o que provavelmente provocou esse crescimento”, disse Brandão.

Após pedir ao governo o retorno imediato da alíquota máxima do imposto de importação sobre carros híbridos e elétricos, a direção da Anfavea, entidade que representa as montadoras, apontou o risco de fechamento de fábricas já no segundo semestre se o Brasil não elevar a barreira contra o avanço, descrito como desenfreado, das importações.

Ao fazer uma comparação com o imposto de importação em outros grandes mercados do mundo, incluindo Canadá e Estados Unidos, onde as alíquotas passam de 100%, e a União Europeia, onde variam de 27% a 48%, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, salientou que o Brasil é o único que hoje cobra 18% na entrada de carros elétricos. Mesmo quando o imposto de importação subir para 35%, projetou, a alíquota no Brasil continuará sendo menor do que a cobrada em outros países.

Produção

O mercado automotivo no Brasil prevê a produção de dois milhões e 300 mil veículos de passeio e comercial leve em 2024. Dez anos atrás, em 2014, o País chegou a produzir quase três milhões de veículos.

A queda na produção apresenta um cenário desafiador no setor, que emprega diretamente mais de cem mil pessoas. Os dados foram divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

Para recuperar a competitividade e conquistar mercado, a associação defendeu que veículos a combustão sejam excluídos do Imposto Seletivo, previsto na reforma tributária. O CEO da Volkswagen no Brasil, Ciro Possobom, pediu uma desoneração fiscal no setor.

“O Brasil chega, em alguns Estados, a 44% do valor do veículo é imposto. Por isso o mercado de hoje é 2,3 milhões de veículos no Brasil. Então é importante a gente entender na discussão seletiva, do imposto seletivo, como é que vai ser, para que tipo de combustão, para que tipo de matriz energética”, declarou.

“Se a gente conseguisse desonerar um pouco essa cadeia, e o carro ficasse mais barato, com certeza o mercado vai crescer muito mais do que está e vai gerar muito mais empregos e, claro, impostos para o Brasil”, concluiu.

No primeiro semestre deste ano, o setor de automóveis apresentou estagnação na produção de veículos, com um ligeiro aumento de meio por cento se comparado com o mesmo período do ano passado.

Para Possobom, o Imposto Seletivo não vai facilitar a produção de veículos, nem a compra de carros pela população.

“A gente precisa fomentar o Brasil com aumento realmente da frota. Então hoje um carro, PL7, ele emite oito vezes menos que um carro do PL4”, afirmou. “Então isso é bem importante e a gente acredita bastante nesse trabalho de simplificar e também desonerar. Então o imposto seletivo, ele vai contra isso.”

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