Publicações como os norte-americanos The New York Times e The Wall Street Journal, além do britânico Financial Times, do francês Le Monde, do espanhol El País e do argentino Clarín, repercutiram as prisões de presidentes e executivos de construtoras brasileiras, na manhã de sexta-feira (19). Os 59 mandados judiciais foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, na 14 fase da Operação Lava-Jato, da PF (Polícia Federal), que investiga um suposto esquema de corrupção na Petrobras.
O The Wall Street Journal tratou como “magnatas” os executivos brasileiros detidos por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Já o The New York Times e o britânico Financial Times chamaram a atenção para o nome dessa nova fase de investigação – Erga Omnes, que em latim significa “para todos”. Para a polícia, trata-se de uma alusão ao esforço para acabar com a cultura de impunidade entre as classes mais ricas do País.
“O escândalo fez com que a polícia e os órgãos judiciais despontassem como instituições efetivamente independentes, em uma nação onde, por muito tempo, ricos e poderosos escaparam de punições”, considera a reportagem do Wall Street Journal. A avaliação foi semelhante à do New York Times. “O título da operação é, aparentemente, uma mensagem de que o Brasil está tentando acabar com a sua autodenominada cultura de impunidade, em que as elites quebram a lei sem medo de punição”, afirmou a publicação.
No britânico Financial Times, o destaque também ficou por conta do conceito de “lei para todos”, expresso na fala do agente federal Igor Romário de Paula, segundo o qual o objetivo é reforçar a mensagem de que a lei deve se aplicar a qualquer cidadão, independentemente de sua posição social, poder ou influência.
Já o francês Le Monde deu destaque ao fato de terem sido levados à prisão os presidentes de duas das maiores construtoras brasileiras, “que trabalham notoriamente nas obras de infraestrutura destinadas aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016”. O argentino Clarín enfatizou os investimentos da Odebrecht no país vizinho ao Brasil, bem como outras ligações internacionais do suposto esquema da Petrobras. Os textos mencionam, por exemplo, os indícios encontrados em bancos de Mônaco, Suíça e Panamá.
Lula
Algumas publicações também cogitaram que as prisões de sexta-feira podem aproximar o escândalo da estatal brasileira ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Financial Times sugere que a abertura de investigações sobre um suposto tráfico de influência por parte de Lula para beneficiar a Odebrecht seja um “sinal” de que os promotores estão tentando ligar o petista às irregularidades da empreiteira.
“No mês passado, os promotores abriram uma investigação preliminar sobre tráfico de influência, prática tratada como crime no Brasil. Eles investigam suspeitas de que Lula teria ajudado a Odebrecht a ganhar contratos em Cuba e Angola, em troca de contribuição para um instituto por ele gerido”, detalha o Wall Street Journal.
Para o Clarín, a prisão de altos executivos da construtora “transcende a apuração do escândalo na Petrobras”, pois também toca na investigação sobre Lula. Já o espanhol El País mencionou que “a rede de corrupção na estatal era operada desde 2002 e abarcou os mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT”. (AG)