Terça-feira, 01 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 29 de março de 2025
A anulação da sentença que havia levado o ex-jogador brasileiro Daniel Alves a quatro anos e meio de prisão pelo estupro de uma jovem em discoteca na cidade de Barcelona, Espanha, repercutiu mundialmente. Os principais veículos de informação – ao menos no Ocidente – deram destaque à decisão da Justiça da Catalunha, na sexta-feira (28), de absolver o ex-jogador brasileiro em última instância.
Basta uma rápida pesquisa na internet para deparar com chamadas sobre o assunto nas versões online dos principais sites de jornais europeus, dentro e fora da Espanha. Confira algumas amostras, a seguir:
– “Marca” (Espanha): “Tribunal de Justiça da Catalunha absolve Dani Alves de agressão sexual”.
– “AS” (Espanha): “Tribunal de Justiça da Catalunha absolve Dani Alves de agressão sexual”.
– “Mirror” (Inglaterra): “Dani Alves é absolvido de estuprar mulher em boate após apelar de sentença de culpa”.
– “L’Équipe” (França): “Condenado em fevereiro de 2024 a quatro anos e meio de prisão por agressão sexual, Daniel Alves foi absolvido em apelação”.
– “Le Parisien” (França): “Espanha: condenação por estupro do ex-jogador do Barça e do PSG Dani Alves é anulada em apelação”.
– “A Bola” (Portugal): “Dani Alves absolvido do crime de agressão sexual”.
Outras repercussões
Comentaristas esportivos também se manifestaram, com avaliações contra ou a favor do novo veredito. Foi o caso de Gonzalo Miró, do jornal “Marca” e da rádio Cope, da Espanha:
“Eu acho o que aconteceu lamentável, especialmente considerando o que isso significará para futuras vítimas de abuso sexual. Agora, se você for ela, o que acontece? Eu entendo que eles a aconselharam a apelar, mas ela dirá, por quê? Ela não queria chegar a um acordo precisamente para se dar credibilidade, mas ela deveria ter aceitado porque você nunca sabe como vai acabar no tribunal. É totalmente lamentável”.
Já o seu colega e apresentador radiofônico Manu Carreño se posicionou a favor: “Temos que respeitar o que a justiça diz. Houve muitos julgamentos midiáticos. A presunção de inocência prevalece. Agora ele foi absolvido de um crime que, segundo o juiz, não puderam confirmar. Imagine… Podemos nos colocar no lugar do Alves: isso afeta você na vida pessoal e profissional. É um dano que só quem já passou por algo parecido consegue entender como isso o afetou”.
Pablo Fernández, porta-voz do Podemos, partido político espanhol, também criticou a decisão. “A sentença no caso Dani Alves é mais um flagrante exemplo de justiça patriarcal, de violência institucional e de desamparo absoluto às vítimas, as mesmas que depois são incentivadas a denunciar. Vergonha absoluta”.
Irene Montero, deputada do Parlamento Europeu pelo Podemos, foi outra a criticar a absolvição. “A decisão que absolve Dani Alves sob a alegação de que a vítima não é idônea é um claro exemplo de violência institucional e justiça patriarcal que deixa as mulheres desprotegidas e, como diz a ONU, mantém a cultura de impunidade para os abusadores. Repetidamente: só sim é sim”, postou a parlamentar.
O ministro da Justiça, Félix Bolaños, manifestou respeito pela decisão do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha. “Trata-se de uma decisão judicial e, portanto, devo respeitá-la, não cabendo a mim qualquer avaliação sobre fatos já julgados pelos tribunais de nosso país”, afirmou à imprensa espanhola pouco antes de encerrar um evento em Las Palmas de Gran Canaria.
A vice-primeira-ministra da Espanha, María Jesús Montero, afirmou com cautela: “Vou ser cautelosa porque não li a sentença, o que não significa que não expresse mais uma vez minha solidariedade a todas as vítimas de abusos ou maus-tratos físicos que às vezes se encontram em dificuldades para suportar”, declarou María Jesús Montero, primeira vice-presidente do governo.
Entenda o caso
Em decisão unânime, o Tribunal Superior da Catalunha anulou a sentença que havia condenado à prisão o ex-lateral-direito da Seleção Brasileira e do Barcelona por um estupro cometido em discoteca da capital catalã. Com isso, o réu ficou totalmente livre de acusações no caso.
Daniel Alves – que completará 42 anos em maio – permaneceu preso de janeiro de 2023 a março de 2024, quando obteve liberdade provisório mediante fiança de 1 milhão de euros. Se a condenação fosse mantida, ele ainda teria de cumprir mais de dois anos de prisão.
Em paralelo, juízes analisavam outro recurso apresentado pela Promotoria de Barcelona, que pedia o retorno do brasileiro à cadeia e o aumento de sua sentença para nove anos, sem direito a fiança. Houve uma reviravolta no caso, os magistrados consideraram que houve “imprecisões” na decisão anterior e a “falta de confiabilidade do depoimento” da vítima em relação a imagens registradas por câmeras de segurança. (com informações de O Globo)