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Imunidade contra o coronavírus: tire dúvidas sobre como os anticorpos e as células T atuam contra a doença

Sars CoV-2, o novo coronavírus causador da Covid-19. (Foto: NIAID)

Uma das perguntas que intriga os cientistas desde a chegada do novo coronavírus é: teremos imunidade definitiva contra a doença? A resposta ainda é incerta e inconclusiva, mas vem gerando amplos debates e estudos sobre a imunidade do corpo.

Isso porque o SARS-Cov-2, vírus responsável por causar a Covid-19, se mostrou atípico e com diversas particularidades que precisam ser observadas a cada novo passo dado na elaboração de vacinas e medicamentos.

E grande parte dos estudos recaem sobre as respostas imunes que o corpo tem diante do novo coronavírus. O vírus não é simples e tem “confundido” as respostas de anticorpos e células de defesa do organismo, o que dificulta ainda mais o seu combate.

Para responder algumas questões sobre o papel dos anticorpos e células de defesa contra o SARS-Cov-2, o G1 ouviu especialistas para entender: a imunidade contra a sars será definitiva?

Veja abaixo perguntas e respostas:

1) Quais são os mecanismos de defesa do corpo?

Para começar a entender sobre os mecanismos de defesa do corpo, precisamos dividir a imunidade entre a inata, humoral e celular. Imunidade inata: a proteção desenvolvida pela criança no início da vida, recebida em parte como herança da mãe e também pela amamentação. Imunidade humoral: a proteção desenvolvidas pelos líquidos do corpo, como por exemplo os anticorpos. Imunidade celular: a proteção desenvolvida através das células. No caso da Covid-19, as células T se tornaram o foco das atenções.

2) Como esses mecanismos têm se manifestado contra o Sars-Cov-2?

Essa é uma das grandes questões sobre o tema. A imunidade inata consegue impedir a entrada do vírus no organismo através da pele, porém não impede que ele avance pelas vias nasais, por exemplo. Por isso a importância de se utilizar máscara. Uma vez que o vírus consegue entrar no organismo, os linfócitos B são acionados e iniciam a produção de anticorpos. No caso da SARS-Cov-2, no entanto, estudos mostram que, em determinadas situações, os anticorpos não são produzidos.

3) Então nesse caso o indivíduo ficará sem imunidade?

Não! É neste momento que os cientistas analisaram que a imunidade celular estava entrando em ação. Em algumas pessoas infectadas foi detectado que os anticorpos não se desenvolviam, mas mesmo assim a pessoa tinha sintomas leves ou até mesmo era assintomático. O que se viu foi que as células T (parte da imunidade celular) estava dando essa contribuição para o combate ao vírus SARS-Cov-2. Mesmo que o infectado não produzisse anticorpos suficientes, a alta quantidade de célula T supria essa necessidade.

“A gente tem visto uma resposta muito boa de células T em pessoas que a gente não consegue detectar anticorpos. Tem saído vários trabalhos que acompanharam famílias, acompanharam transmissões dentro de famílias e mesmo pessoas assintomáticas, que tiveram contato com familiares doentes, você não consegue detectar anticorpo no corpo dessas pessoas, mas você consegue detectar resposta celular, resposta dessa célula T. Isso quer dizer que mesmo sem anticorpos essas pessoas podem estar protegidas contra uma nova infecção, e a gente realmente não tem visto casos de reinfecção para a Covid-19. Então é muito provável que a gente tenha uma imunidade mesmo que a gente não tenha anticorpos”, afirma a microbiologista Natalia Pasternak.

4) E como esse “fenômeno” se explica?

Um recente estudo publicado na revista “Cell” apresenta a hipótese de que o fato de uma pessoa ter superado outros vírus anteriores da família coronavírus pode ter deixado como legado alguma imunidade no corpo. Isso é conhecido como imunidade cruzada.

Se um indivíduo já teve contato com outro coronavírus no passado, é grande a possibilidade de as células T terem criado uma memória – e isso seria “útil” caso ele fosse infectado agora pelo Sars-CoV-2. As céulas T fazem parte da imunidade adaptativa, ou seja, criam memória de outros corpos estranhos que já teve contato no passado e, assim, saberá como combatê-lo em um próximo momento.

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