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Por Redação O Sul | 23 de junho de 2017
A inadimplência nas mensalidades do ensino superior privado registrou alta pelo segundo ano consecutivo. No ano passado, 9% das mensalidades tiveram atrasos com mais de 90 dias, segundo pesquisa realizada pelo Semesp (Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior).
Esse percentual era de 8,8% em 2015 e de 7,8% em 2014, quando o índice alcançou o menor patamar desde 2009. O Semesp, que representa instituições privadas, ressalta que o volume de atrasos do setor de educação superior privada permanece acima da inadimplência total das pessoas físicas, que ficou em 6%.
A situação é reflexo da crise econômica, desemprego e redução na oferta de contratos do Fies (Financiamento Estudantil) a partir de 2015. Atrasos de pagamento em até 30 dias tiveram alta mais acentuada, passando de 14,8% para 16,6%.
“Mostra a dificuldade de grande parte dos alunos de conseguir arcar com as mensalidades. O aluno vai deixando para pagar mais na frente, e assim vai levando o curso”, diz o diretor-executivo do Semesp, Rodrigo Capelato. Ele ressalta que sondagens nas instituições indicam que apenas 20% dos alunos têm pagado as mensalidades em dia.
A amostra da pesquisa representa 27% de todas as instituições de ensino superior particular do país. Capelato adiantou que, segundo projeções, o comportamento de alta de inadimplência deve continuar em 2017, quando o índice pode alcançar 9,2%.
A Região Metropolitana de São Paulo, que concentra mais da metade das matrículas do Estado, registrou crescimento na inadimplência acima de 90 dias. Subiu de 4,5% em 2015 para 5,2% em 2016. Fica abaixo do índice do interior, que saiu de 11,3% em 2015 e chegou a 11,1% em 2016. No Estado todo, o comportamento foi o mesmo do nacional: passou de 8,8% para 9%.
Com relação a todo país, instituições de pequeno porte, com até 2 mil alunos, foram as que mais sofreram com a alta na inadimplência entre 2015 e 2016. O índice para atrasos com mais de 90 dias passou de 10,4% para 12,7%.
Ensino médio
Segundo estudo divulgado pelo Movimento Todos Pela Educação, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, cerca de 41,5% dos jovens brasileiros de 19 anos não haviam concluído o ensino médio em 2015.
De acordo com a pesquisa, embora o Brasil esteja melhorando os índices gradativamente, ainda não é capaz de resolver os problemas na educação na velocidade necessária para alcançar as metas esperadas. Para 2015, o Todos Pela Educação estabeleceu que 96,3% das crianças e jovens brasileiros de 4 a 17 anos deveriam estar na escola, mas, na realidade, a taxa ficou em 94,2%. Embora tenha evoluído em relação a 2005, quando o percentual era de 89,5%, o crescimento lento desapontou especialistas.
“A grande frustração de quem está na maior batalha para que a educação melhore é verificar que não basta ter uma lei que determina matrícula obrigatória de 4 a 17 anos. Temos uma lei, mas não tivemos nenhum aumento de esforço por parte dos Estados e municípios para fazê-la ser cumprida”, critica a presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.
“Nossa política pública ainda é muito voltada para uma medida que resolve tudo. Para incluir os que estão fora temos que não só prover vagas na escola e professores, mas fazer uma busca ativa, identificar por que não estão se matriculando. No caso do jovem, tem muito a ver com aquele que chegou a entrar no sistema, acabou saindo, e não quer mais voltar”, declarou.