Segunda-feira, 28 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 15 de março de 2023
Após um acidente envolvendo um caça russo e um drone americano, os dois países deram diferentes versões sobre quais fatores teriam contribuído para a colisão, que acabou com a aeronave não tripulada derrubada no mar pelos EUA após ficar “impossibilitada de voar”.
De acordo com o comando militar dos Estados Unidos na Europa (Useucom, na sigla em inglês), por volta das 7h03min de terça-feira (3h03min em Brasília), um drone MQ-9 Reaper, a serviço da Inteligência, Vigilância e Reconhecimento da Força Aérea americana, foi interceptado por dois caças russos Su-27, com um deles batendo na hélice da aeronave não tripulada.
“Várias vezes antes da colisão, os Su-27 despejaram combustível e voaram na frente do MQ-9 de maneira imprudente, ambientalmente insalubre e pouco profissional”, disse o comunicado. “Este incidente demonstra falta de competência, além de ser inseguro.”
Um alto oficial militar dos EUA disse ao jornal The New York Times que o drone decolou de sua base na Romênia na manhã desta terça para uma missão de reconhecimento programada regularmente, que normalmente dura cerca de nove a 10 horas. Ainda segundo a mesma fonte, embora os Reapers possam transportar mísseis Hellfire, a aeronave estava desarmada e realizando vigilância a cerca de 120 km a sudoeste da Península da Crimeia, região ucraniana que foi anexada pela Rússia em 2014, quando os dois jatos russos a interceptaram.
A Rússia, porém, alega que seus caças interceptaram o drone americano porque ele teria violado “os limites da área do regime temporário de espaço aéreo” estabelecidos “durante a operação especial”, referindo-se à invasão da Ucrânia. Negou, porém, tê-lo atingido.
“Após uma manobra abrupta, o drone MQ-9 iniciou um voo não guiado, com perda de altitude e colidiu com a superfície da água”, disse o Ministério da Defesa da Rússia, citado pela agência de notícias estatal Tass. “A aeronave russa não usou armas a bordo, não entrou em contato com o veículo aéreo não tripulado e retornou com segurança ao seu aeródromo.”
Moscou afirma, também, que a comunicação wireless (sem fio) da aeronave americana foi “desconectada”, e que os aviões tinham o objetivo de apenas “identificar” o aparelho.
De acordo com John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, o presidente Joe Biden foi informado sobre o episódio. Kirby minimizou o incidente, dizendo que houve “intercepções” semelhantes por aeronaves russas nas últimas semanas. Mesmo assim, comentou que esse episódio foi “notável por ser inseguro e pouco profissional”.
O governo americano “vai convocar o embaixador russo” em Washington para prestar esclarecimentos, informou a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price.
“Estamos em contato direto com os russos, novamente em níveis mais altos, para transmitir nossa forte objeção a essa interceptação não profissional e insegura, que levou à derrubada do drone americano”, declarou Price, segundo o qual o embaixador dos EUA em Moscou também “transmitiu uma forte mensagem ao Ministério das Relações Exteriores da Rússia”. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.