A mediocridade que nos paralisa e não permite um avanço real, de tal sorte que a cada dez anos se pode chamar de década perdida, tem tudo a ver com a nossa inconstância. Cada governo que chega traz a própria receita de solução para todos os males que nos afetam, e começa desfazendo tudo que o governo anterior fez, principalmente se ele é da facção política adversária.
Parte-se do princípio que toda a obra do governo anterior foi um erro, uma calamidade. Portanto, é dos escombros do projeto anterior que se deve engendrar um modelo diferente, este sim capaz de promover a redenção do país.
Não é assim. Não creio que tenha testemunhado em vida um governo tão desastroso, tão sem rumo, tão ineficiente quanto o de Bolsonaro. Mesmo ele, cuja presença e governo eram a expressão de incivilidade, do atraso mais vulgar e vergonhoso, teve pontos a favor, atos meritórios, políticas acertadas.
Um exemplo: a lei de liberdade da liberdade econômica foi um senhor avanço. O desafio do Brasil é o de garantir a cada cidadão e sua família uma existência decente e digna, que começa com um emprego, uma ocupação estável. Não será o Estado brasileiro, pesado, ineficiente, perdulário e sem dinheiro que propiciará esses postos de trabalho: será a iniciativa privada.
Os empresários, grandes, médios e pequenos, ao contrário do que pensam as esquerdas em geral, vivem no dia a dia os percalços, os obstáculos da vida real: tributos extorsivos, insegurança jurídica, mudanças bruscas de conjuntura, juros altos,
O custo de um emprego é proibitivo para a empresa. Ao admitir um funcionário, a empresa desde logo se vincula compulsoriamente ao pagamento de um séquito interminável de taxas, obrigações e custos de toda sorte e ordem: é caro contratar, pagar o salário, demitir. A maior parte desses custos e obrigações trabalhistas vai para os cofres do opulento, gastador Estado brasileiro – o concentrador-mor da renda brasileira.
Com a reforma trabalhista de Temer o Brasil viveu um momento inédito: um presidente impopular, um Congresso(mais ou menos o mesmo que está aí) eivado de negocismo, clientelismo e corrupção, mobilizado acima de tudo por verbas paroquiais, entretanto, foi capaz de dar um passo à frente – tímido, é verdade – para facilitar o ingresso dos brasileiros no mercado de trabalho.
Pois bem, a eliminação de obstáculos para a criação de novos negócios e para a admissão de empregados – através da lei de liberdade econômica de Bolsonaro e da reforma trabalhista de Temer – arejou o ambiente econômico, desatou certos nós e encorajou as forças produtivas e o apetite de investidores e empresários – os bons resultados só mais recentemente têm sido reconhecidos.
As duas leis deveriam ser divulgadas e incentivadas, em favor dos brasileiros humildes, dos trabalhadores que vivem no subemprego e no desemprego. O governo Lula prefere ignorá-las, senão confrontá-las, não por causa dos seus defeitos ou deméritos, mas porque elas têm origem em governos de quem ele não gosta e não se cansa de combatê-los.