Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2023
Em entrevista, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega defendeu a autonomia do Banco Central (BC), após o presidente Lula ter declarado que a independência da autarquia era “uma bobagem”.
“É um erro do Lula. A independência do Banco Central não é nenhuma bobagem. Os países ricos, todos eles, têm bancos centrais independentes, alguns há muito tempo como o Federal Reserve [banco central americano], que é independente desde sua fundação, em 1913, há mais de um século”, pontuou o economista.
Maílson destacou que a independência formal do Banco Central é favorável ao desenvolvimento do país, pois reduz incerteza, volatilidade e a taxa de juros, sem que haja interferência política.
O economista também rebateu a declaração do presidente de que o BC tinha mais autonomia em suas gestões anteriores.
“O Meirelles poderia ser demitido [na época], o Roberto Campos, não, há não ser por falta grave e sob decisão do Senado. O Lula, inclusive, chegou a considerar a hipótese de demitir o Meirelles”, declarou.
Críticas do Lula
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, relativizou críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à independência formal da autoridade monetária, mas reforçou sua defesa à autonomia do órgão e se comprometeu a ficar no cargo até o fim do mandato.
Em seminário promovido pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), Campos Neto disse que a formalização da autonomia do BC por meio de uma lei ajudou a reduzir a volatilidade dos mercados no Brasil e mostrou resiliência.
Ele argumentou que informações são retiradas de contexto em algumas entrevistas e colocou as declarações de Lula em perspectiva.
“Se você olha a entrevista, de um lado, ele se orgulha por (Henrique) Meirelles ter tido independência. De outro lado, o que acho que ele quis dizer foi ‘eu não acho que precisamos ter a independência na lei, pode ter a independência sem a lei e fazer as coisas funcionarem’”, disse.
“Mas quando você pensa no que está acontecendo no Brasil e quão difícil foi o processo da eleição no Brasil, acho que o mercado estaria bem mais volátil se o Banco Central não tivesse a autonomia na lei, seria outro elemento de incerteza”.
Henrique Meirelles presidiu o BC nos dois primeiros governos de Lula (2003-2011).
Os comentários de Campos Neto foram feitos um dia depois de Lula ter posto em dúvida, em entrevista, a vantagem de um Banco Central autônomo e questionado se os níveis das metas atuais de inflação não são baixos demais.