A Índia registrou nesta terça-feira (20) o seu pior número de mortes por Covid-19 desde o início da pandemia e teve o sexto dia seguido com mais de 200 mil novos casos.
Com os 1.761 novos óbitos, o país passou o Brasil e foi o que mais registrou vítimas do novo coronavírus nas últimas 24 horas no mundo, elevando para 180.530 o número de vítimas no país.
Mas especialistas acreditem que o número real de mortes seja muito maior do que a contagem oficial. Várias cidades importantes já estão relatando um número muito maior de cremações e enterros feitos sob os protocolos da Covid-19 do que o número oficial de mortes, segundo trabalhadores de crematórios e cemitérios, a imprensa local e uma revisão dos dados do governo indiano.
Oficialmente, a Índia é o segundo país com mais casos confirmados de Covid-19 do mundo (15,3 milhões), atrás apenas dos EUA (31,7 milhões), e o quarto em número de mortes (180 mil), depois de EUA (567 mil), Brasil (374 mil) e México (212 mil).
O país também registrou 259.167 novos casos nas últimas 24 horas e chegou a 1,63 milhão de infectados em apenas sete dias. O segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, tem cerca de 18% da população mundial e registrou 37% de todos os novos casos do planeta e 17% das mortes.
Governo “baixou a guarda”
A Índia enfrenta uma grave segunda onda de Covid-19, com recordes diários de novos infectados, hospitais lotados e falta de leitos, remédios e oxigênio, após o governo indiano “baixar a guarda”.
No final de janeiro e começo de fevereiro, estava registrando menos de 10 mil infectados e cerca de 100 mortes por dia. No início de março, o ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, chegou a declarar que o país estava na “fase final” da pandemia.
Agora, o governo indiano agora culpa o desrespeito ao distanciamento social e o não uso de máscaras como causas para o surto. Mas médicos e especialistas apontam também como motivos a complacência do governo, que se recusa a adotar um lockdown nacional, e novas variantes do coronavírus.
A explosão de casos tem feito pessoas lutar por leitos, remédios e oxigênio nos hospitais, e médicos dizem que a escassez de insumos inevitavelmente levará a mais mortes.
“A enorme pressão sobre os hospitais e o sistema de saúde agora significará que um bom número de pessoas que teriam se recuperado se tivessem acesso aos serviços hospitalares podem morrer”, afirma Gautam I. Menon, professor da Universidade Ashoka.