Segunda-feira, 03 de março de 2025
Por Redação O Sul | 1 de março de 2025
O dólar encerrou em alta de 1,50%, a R$ 5,916, na maior cotação desde o fim de janeiro. A moeda operou em alta ao longo de todo o dia (28) e fechou próxima à máxima do dia, pressionada por um conjunto de fatores nacionais e internacionais.
No cenário local, os investidores reagiram à notícia de que a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) irá comandar a Secretaria de Relações Institucionais. A petista entrará no lugar de Alexandre Padilha, que deixou a pasta para comandar o Ministério da Saúde.
Para Gustavo Jesus, sócio da RGW Investimentos, as críticas da deputada às discussões de ajuste fiscal — movimento que o mercado vê como essencial para a recuperação dos ativos brasileiros — desagrada os investidores:
— É ruim (para o mercado) você ter alguém lá que está ganhando poder sem um compromisso com essa pauta.
Além disso, a habilidade articulatória que o comandante da pasta deve ter também preocupa. O cargo é uma das principais pontes entre governo e Congresso e, na visão de Gustavo, pode haver uma dificuldade para a deputada em manter esta relação harmoniosa:
— Tudo isso deixa um monte de dúvidas de como é que vai ficar a articulação desse governo.
Matheus Massote, sócio da One Investimentos, indica que o histórico de posicionamentos mais duros e firmes de Gleisi — em contraponto ao posicionamento articulador e flexível comum da posição — traz questões sobre o relacionamento entre Legislativo e Executivo.
Rodrigo Miotto, gerente de câmbio da Nippur Finance, explica que, para além da adição de Gleisi, operadores veem negativamente a reforma ministerial promovida pelo presidente Lula no início deste ano. Segundo o especialista, boa parte das trocas visam melhorar a popularidade do chefe do Executivo e sua articulação no Congresso.
Com isso, cria-se o temor no mercado de que, junto à dança das cadeiras ministerial, novos gastos também possam ser gerados.
Nos EUA, a reunião desastrosa entre o presidente americano Donald Trump e o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, adicionou apreensão para os negócios desta sexta-feira.
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, aponta que o índice DXY — que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas — disparou após as primeiras notícias do encontro entre os chefes:
— Os dois líderes não chegaram a um acordo e palavras duras foram trocadas no Salão Oval da Casa Branca, minando a esperança de que um acordo para o fim da guerra pudesse ser alcançado e que os riscos geopolíticos arrefecessem.
Miotto, da Nippur, explica que a insegurança no cenário internacional leva a uma entrada de capital para mercados considerados mais seguros e a uma fuga de emergentes, como o Brasil.
A divulgação de dados de inflação nos EUA em linha com o esperado reforçam a visão de que o Fed deve seguir cauteloso e manter o juro no mesmo patamar, aponta Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.
Ele explica que taxas altas por mais tempo nos EUA costumam se traduzir na retenção de capital no país, já que o investimento em renda fixa americana fica mais atrativo.
Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset, aponta que, com a pausa das negociações para o carnaval do sábado até às 13h da próxima quarta-feira, investidores procuram se proteger frente a possíveis notícias que possam pressionar ativos de risco, como as moedas emergentes.
Na Bolsa, o principal índice de ações do Brasil, o Ibovespa, operava em forte queda de 1,48%, a 122.957 pontos. As informações são do portal O Globo.