Domingo, 20 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 16 de janeiro de 2024
Antes mesmo da posse de Ricardo Lewandowski, a influência nas indicações para tribunais tornou-se o pano de fundo de uma disputa por espaço no Ministério da Justiça. Nos bastidores do governo, monta-se um quebra-cabeça para abrigar, em secretarias da pasta, quadros do PT e pessoas próximas ao futuro ministro.
Com o advogado Manoel Carlos de Almeida Neto encaminhado para a Secretaria Executiva, a disputa agora se dá pela Secretaria Nacional de Justiça (SNJ).
O órgão, hoje nas mãos de Augusto de Arruda Botelho, é responsável pela triagem de indicações para o Poder Judiciário que posteriormente chegam à mesa do presidente Lula. Só neste ano, o petista deverá preencher pelo menos 11 vagas em tribunais superiores e federais.
O PT trabalha para emplacar na Secretaria de Justiça o advogado Jean Uema, assessor especial do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e próximo ao ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias. Em um outro desenho, poderia assumir a Secretaria de Assuntos Legislativos.
Já o entorno de Lewandowski gostaria de alçar à SNJ o advogado Georghio Tomelin. Ele tem o apoio do grupo Prerrogativas, com acesso ao Planalto. Há dúvidas, porém, sobre seu real interesse em deixar os contratos na iniciativa privada.
Alvo
Antes mesmo de assumir a pasta, Lewandowski desperta curiosidade entre deputados da oposição que integram a Comissão de Segurança Pública. A iniciativa que deve ser protocolada por Sanderson (PL-RS) visa questionar o ministro sobre quais estratégias serão aplicadas no ministério para combater o crime organizado. O encontro deve ocorrer na volta das atividades legislativas na Câmara dos Deputados.
Tido como mais moderado e articulador, o iminente ministro é visto com bons olhos pela oposição que espera ter mais diálogo e receptividade em comparação com Flávio Dino. Apenas no ano passado, Dino foi alvo de ao menos 71 requerimentos de convocação e, nas reuniões que esteve presente, protagonizou embates com parlamentares da base do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A expectativa com Lewandowski é diferente. Por este motivo, deputados da bancada da bala já vem pleiteando aproximação. É o caso de Sargento Portugal (Podemos-RJ) e Sargento Gonçalves (PL-RN), que defendem um “diálogo permanente” com o ex-ministro do STF.
“Tivemos uma péssima experiência no último ano com Flávio Dino à frente do ministério. Esperamos que o novo ministro tenha um comportamento oposto ao de seu antecessor. Queremos dialogar e esperamos que sejamos ouvidos pelo novo ministro da Justiça e Segurança Pública”, diz Sargento Gonçalves.