Segunda-feira, 10 de março de 2025
Por Redação O Sul | 15 de junho de 2024
Os três nomes indicados na sexta-feira (14) para compor a diretoria da Petrobras foram recebidos com cautela pelo mercado. A dúvida é se os indicados preenchem as qualificações necessárias para os cargos.
Analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico afirmam que a escolha mais delicada seria a de Fernando Melgarejo, atual diretor de participações da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, para diretor financeiro da petroleira.
A preocupação se explica uma vez que a posição de CFO vem a ser a segunda mais importante na hierarquia corporativa da estatal depois do presidente.
A escolha da diretoria da Petrobras é uma tarefa do presidente-executivo, embora historicamente a estatal tenha ficado à mercê de indicações políticas do governo e de partidos. Agora, com o PT, não tem sido diferente.
Houve uma interpretação quase imediata, logo após a publicação do fato relevante pela Petrobras na tarde de sexta-feira (14), que a escolha de Melgarejo seria política, uma vez que a atual gestão da Previ é próxima do Planalto.
No episódio da sucessão do CEO da Vale, por exemplo, a Previ foi apontada, no começo deste ano, nos bastidores, como artífice para fazer o ex-ministro Guido Mantega como presidente da mineradora, um pleito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que deu errado, mas que causou desgaste e desvalorização das ações da companhia.
Nos casos de Sylvia dos Anjos, apontada para diretoria de exploração e produção da Petrobras, e de Renata Baruzzi, para a diretoria de engenharia, existe o receio de analistas de bancos de investimento e consultorias de que as profissionais não tenham as habilidades de negócios exigidas para as diretorias-executivas da Petrobras.
Embora sejam nomes técnicos e funcionárias de carreira da estatal, algo que o mercado aprecia, faltaria experiência às duas na condução corporativa.
Para uma das fontes ouvidas pela reportagem, Anjos e Baruzzi estariam desatualizadas em relação ao futuro da Petrobras. Anjos ficou 42 anos na Petrobras e está aposentada. Baruzzi está há 38 anos na Petrobras.
“Magda [Chambriard, CEO] está olhando para trás em vez de olhar para a frente. Ela [Magda] está procurando pessoas da época em que passou pela Petrobras, entre os anos 1980 e começo dos anos 2000”, disse uma das fontes.
Logo depois da divulgação das indicações pela Petrobras na tarde desta sexta-feira, a ação preferencial da companhia atingiu a mínima do dia. No fim da sessão, a PN fechou em queda de 2,20%, a R$ 34,68.
De acordo com outra fonte, a indicação de Melgarejo seria um “salto muito grande” para o próprio executivo.
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a escolha de Melgarejo é uma mensagem ao mercado de que o governo quer tocar a Petrobras de acordo com os interesses do Planalto. “A reação volátil da ação explica isso. Para uma função essencial como a diretoria financeira da Petrobras, o governo foi direto ao escolher alguém que vem da Previ e irá desenhar a petroleira à própria maneira [do governo].”
Segundo Arbetman, o cargo para o qual Melgarejo foi indicado exige mais relacionamento com o setor privado do que o executivo tinha na Previ. “A curva de aprendizado dele pode ser mais longa”, diz o analista. As informações são do jornal Valor Econômico.