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Indiciamento atinge imagem das Forças Armadas, mas é recado necessário contra tentativas de golpe, avalia cúpula do Ministério da Defesa

"Cada um que responda pelos seus atos. A instituição não teve nem tem envolvimento com isso”, afirma o ministro da Defesa. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

A cúpula das Forças Armadas avalia que a presença de 25 militares da ativa ou da reserva entre os 37 indiciados por tentativa de golpe atinge a imagem da corporação, mas é uma “depuração necessária para enviar um recado aos quartéis de que planos golpistas serão punidos com rigor” pelo Judiciário.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, tem dito que a orquestração de um golpe por militares ficou restrito a um grupo e não foi um ato da instituição. “A responsabilidade é de cada um. Cada um que responda pelos seus atos. A instituição não teve nem tem envolvimento com isso”, afirma o ministro da Defesa.

Ele lembra que foi a posição firme de dois militares que evitaram um golpe. Uma referência aos comandantes do Exército, Freire Gomes, e da Aeronáutica, Batista Jr., que rejeitaram qualquer participação das Forças Armadas na elaboração do plano da minuta do golpe.

Freire Gomes e Batista Jr. relataram, em depoimentos à Polícia Federal, que tiveram reunião no Palácio da Alvorada com o então presidente Bolsonaro, quando foram apresentados à minuta do golpe em discussão dentro governo. Os dois se posicionaram contra o planejamento.

O único que teria se posicionado a favor foi o comandante da Marinha, almirante Garnier Santos. Ele está na lista dos indiciados.

Dentro das Forças Armadas, a avaliação é que o episódio vai ajudar a tirar, de vez, a política de dentro dos quartéis.

E que o ideal é o Congresso aprovar rapidamente a proposta de emenda à Constituição (PEC) dos militares, sugerida pelas Forças Armadas, que determina que um militar, se quiser disputa um cargo eletivo, tem de deixar a ativa e ir para a reserva, não voltando mais aos quartéis.

A Polícia Federal descobriu que o gabinete de “crise” concebido por militares bolsonaristas em 2022 seria formado por cinco generais e 11 coronéis. Eles teriam a missão de “pacificar” o país após um golpe de Estado que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

O plano, intitulado “Punhal Verde e Amarelo” pelos golpistas, incluía uma estratégia para “influenciar a opinião pública” e “controlar” as ações de comunicação do governo e, assim, “evitar ilações que desinformassem a população”.

O plano era incluir um promotor no “gabinete do golpe” e criar um braço para acompanhar decisões do Congresso Nacional e buscar apoio político ao decreto de ruptura.

Os três generais que integrariam a cúpula do gabinete — Mário Fernandes, Augusto Heleno e Walter Braga Netto — foram indiciados na última quinta-feira (21) pela tentativa de golpe gestada no governo Bolsonaro. As informações são do G1 e da CNN.

 

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