Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2018
Na semana passada, um jovem indonésio foi resgatado após ter passado 49 dias perdido no mar em uma cabana de pesca flutuante. Mas o jovem, chamado Aldi Novel Adilang, contou que essa não é sua primeira história. Ele sobreviveu não só uma vez, não duas vezes, mas três vezes depois de ter passado um tempo à deriva. Sua última provação foi de longe a mais comprida e notória.
Adilang, de 18 anos, estava na cabana de pesca a 125 km da costa de Sulawesi, em julho, quando ventos fortes romperam as cordas que prendiam a cabana a estacas fixas no leito do mar. A cabana inteira foi lançada ao mar aberto. Ele foi parar a milhares de quilômetros de distância, perto das ilhas Guam, na Micronésia, onde acabou sendo resgatado por um navio do Panamá 49 dias depois. O trabalho de Aldi era acender as lamparinas das cabanas, que são projetadas para atrair peixes.
“A corda se rompeu depois que encostou na cabana do meu amigo”, diz Adilang, da casa de seus pais perto da cidade de Manado, em Sulawesi. “Infelizmente, ele estava dormindo, então não viu que eu fiquei à deriva.” Nos primeiros dias, ele sobreviveu com seus estoques limitados de comida. Mas isso durou apenas uma semana.
“Arroz, água limpa, especiarias e gás acabaram. Para sobreviver, eu pescava peixes e queimava madeira das grades da cabana para acender fogo e cozinhá-los. Até comi peixe cru”, ele diz, sorrindo. Seu outro desafio era beber água limpa. A solução? Mergulhar suas roupas no mar e beber água por meio delas, usando-as como uma espécie de filtro. Ele diz que, ao fazer isso, o gosto salgado da água era reduzido.
Pedidos de ajuda não foram ouvidos
Nos 49 dias em que ficou à deriva, cerca de 10 navios passaram por ele. Nenhum deles o viu nem parou. Sozinho no mar, ele cantava músicas cristãs, lia a Bíblia que mantinha consigo e rezava pedindo para ver seus pais de novo. Ele diz que se sentiu deprimido e até considerou tirar sua própria vida se afogando. Mas ele continuou rezando para manter-se vivo. No dia 31 de agosto, ele avistou um navio carregando carvão.
“Eu gritei ‘help, help’ (socorro), era a única coisa que eu sabia dizer”, diz. Ele não sabia que tinha navegado da Indonésia até o território de Guam, que faz parte da Micronésia e fica a milhares de quilômetros da Indonésia. A tripulação no navio panamenho o resgatou e deu-lhe roupas novas e água para beber.
Ele ainda ficou na embarcação durante uma semana até chegar em seu destino, o Japão. De lá e dois dias depois, voou de volta para a Indonésia e se reuniu com a sua família.
Nunca mais
Adilang diz que suas duas outras experiências à deriva no mar foram muito mais curtas. “Na primeira vez, fiquei à deriva por uma semana. Na segunda vez, durante dois dias.” Nas duas ocasiões, foi resgatado pelo dono da embarcação. Não há equipamento de segurança ou navegacional no rompong – ele não tinha nem um compasso.
O jovem recebia comida, água e combustível de alguém da empresa para qual trabalhava, que também ia recolher o peixe. Ele havia assinado um contrato de um ano. Seu salário era de US$ 134 (cerca de R$ 540) por mês. Depois de sua última experiência, contudo, Adilang diz que dessa vez ele se prometeu que não vai velejar outra vez.