Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de junho de 2024
A indústria brasileira diminuiu o contingente empregado e o patamar de salários entre 2013 e 2022. É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto, divulgada na quinta-feira (27). O instituto apurou que, no período, a mão de obra na indústria caiu 8,3%, para 8,3 milhões, redução de 745,5 mil pessoas em uma década. O salário médio mensal da indústria também caiu, de 3,4 salários mínimos para 3,1 salários mínimos na mesma comparação.
Synthia Santana, pesquisadora do IBGE, ponderou que não há resposta única a redução das vagas no setor industrial. “Tivemos mudanças regulatórias no mercado de trabalho que podem ter influenciado esse resultado”, disse. A reforma trabalhista foi implementada em 2017 e Santana lembrou que o setor de serviços contou com aumento de espaço na economia, o que pode ser indicativo de migração de vagas de um setor para o outro. “E tivemos mudança na estratégia das empresas [industriais]. Tem mudado muito perfil de mão de obra, com bastante digitalização”, disse a pesquisadora.
As crises econômicas, no período, também podem ter sido fator para perda de vagas, admitiu a especialista. O país enfrentou uma recessão entre os anos 2015 e de 2016. As maiores perdas de emprego, entre 2013 e 2022, foram observadas em confecção de artigos do vestuário e acessórios (-219 mil vagas); fabricação de produtos de minerais não metálicos (-104,5 mil) e fabricação de produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (-102 mil).
A perda de vagas ocorre em contexto que o número de empresas industriais bateu recorde, na ótica da pesquisa do IBGE. O universo do levantamento abrange amostra de 50.296 empresas, com 30 ou mais pessoas ocupadas ou receita bruta superior a R$ 26,4 milhões. Com essa amostra, o IBGE apurou que, em 2022, o setor industrial abrangia 346,1 mil empresas, sendo 6,7 mil da indústria extrativa; e 339,4 mil da indústria de transformação. Esse total é o maior da série da pesquisa, iniciada em 2007; e 12,9% acima de patamar pré-pandemia em 2019 (306,6 mil).
Nesse total, as indústrias extrativas empregavam 200 mil, e as de transformação, 8,1 milhões. A receita líquida de vendas somou R$ 6,682 trilhões, sendo R$ 436,8 bilhões originado das indústrias extrativas e R$ 6,244,7 trilhões das indústrias de transformação.
Valor bruto
Também em 2022, o valor bruto da produção industrial atingiu R$ 6,121 trilhões, sendo R$ 437,4 bilhões originado das indústrias extrativas e R$ 5,683 trilhões das indústrias da transformação. O custo das operações industriais somou R$ 3,635 trilhões, em 2022.
Em termos de produto, a alta do preço do petróleo contribuiu para que os óleos brutos de petróleo fechassem 2022 como a maior receita de vendas da indústria brasileira, com R$ 274,5 bilhões e 5,3% do total da receita líquida industrial do país. Os óleos brutos de petróleo ocupavam no ano anterior a segunda colocação, com 4,2% da receita líquida total. A liderança era dos minérios de ferro e seus concentrados, que tinham 5,5% da receita em 2021 e passaram a 3,1% em 2022, caindo para a terceira colocação, com R$ 159,6 bilhões.
A segunda posição, em 2022, coube ao óleo diesel, que respondia por 2,6% da receita líquida industrial em 2021 (a terceira maior) e passou para 3,9% no ano seguinte, com R$ 200 bilhões.
Em relação às atividades industriais, os setores com as maiores participações na receita líquida de vendas em 2022, entre os 29 pesquisados, foram Fabricação de produtos alimentícios (17,3%); Fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (11,9%); Fabricação de produtos químicos (11,1%); Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (8,5%); e Metalurgia (7,4%).