Grupos de brasileiros que estão na Faixa de Gaza relataram escassez de itens básicos, como água potável, alimentos, combustíveis e medicamentos. A Embaixada do Brasil na Palestina monitora a situação de 34 pessoas que pediram auxílio para deixar a região do conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel.
Essas pessoas estão divididas entre duas cidades palestinas: 18 estão em Rafah, território que faz fronteira com o Egito; e 16, em Khan Younes, cidade que também fica na região Sul da Faixa de Gaza, mas está mais distante da fronteira.
Em uma rede social, o brasileiro Hasan Rabee afirmou que conseguiu comprar água em Khan Younes. “Achei água depois 3 dias de falta”, afirmou, acrescentando que “cada garrafa de água é uma pequena vitória. Sobreviver dia a dia”.
Rabee, de 30 anos, já perdeu 18 familiares palestinos no conflito. Ele, a esposa e as duas filhas aguardam serem repatriados. “Infelizmente muita gente está passando fome”, relatou o brasileiro.
A fome se alastra em Gaza e os palestinos que vivem no enclave estão cada vez mais desesperados em sua busca por pão e outros alimentos essenciais desde que Israel impôs um bloqueio total ao enclave em resposta ao ataque fatal do Hamas de 7 de outubro.
As padarias que abastecem Gaza estão fechando porque falta farinha e combustível para seus fornos. As que ainda estão em operação têm filas de centenas de pessoas que esperam por várias horas para comprar pão. O preço dos alimentos que restam nas lojas — na maioria produtos secos e vegetais — disparou para níveis que muitos não têm como pagar.
“Comemos pequenas quantidades para guardar o resto para mais tarde e para as crianças”, disse Maree Abdul Kareem, uma funcionária pública de 43 anos que vive com a família na cidade de Deir al-Balah, região central de Gaza. “Temo que o pior ainda esteja por vir.”
Israel interrompeu todo o fornecimento de alimentos, água, combustível e eletricidade para a Faixa de Gaza em resposta aos ataques do grupo terrorista Hamas do dia 7 de outubro, que mataram 1,4 mil israelenses. Israel passou a permitir a entrega de pequenos volumes de ajuda humanitária para Gaza desde 21 de outubro, mas impede a de combustíveis, com o argumento de que teme que seja usado para fins militares pelo Hamas.
Catástrofe humanitária
A organização de ajuda humanitária Oxfam International estima que apenas cerca de 2% da comida necessária para alimentar a população de Gaza foi entregue desde 7 de outubro, com base em uma análise de dados da ONU sobre fornecimento de ajuda. Segundo o grupo, hoje quase todas as pessoas em Gaza sofrem insegurança alimentar, o que significa que não sabem ao certo de onde virá sua próxima refeição.
“A situação que vemos neste momento não pode durar por muito tempo mais. Estamos prestes a testemunhar uma catástrofe humanitária, a menos que a fronteira seja aberta e se permita que mais alimentos entrem”, disse Ruth James, coordenadora humanitária regional da Oxfam Internacional, que fica em Jerusalém.