Ícone do site Jornal O Sul

Inflação anual chega a 78,5% em agosto na Argentina

A Argentina caminha para uma taxa de inflação de 100% este ano. (Foto: Reprodução)

A inflação ao consumidor na Argentina no mês de agosto foi de 7%, na comparação com o mês anterior, o que levou a um aumento de 56,4% acumulado desde janeiro e de 78,5% em relação a agosto do ano passado. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (14), pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).

O resultado representa uma desaceleração ante o aumento mensal de julho, mas mostrou aceleração da inflação anual.

Os setores que tiveram os maiores aumentos na comparação com julho foram de Vestimentas e Calçados (9,9%), Bens e Serviços (8,7%) e Produtos do Lar (8,4%). Na ponta contrária, Comunicações subiram 4,1%, Educação, 5%, e Recreação e Cultura os mesmos 5%.

Figurinhas

Na Argentina de hoje, a falta de dólares dificulta a compra de importados, a inflação é um tormento diário e, agora, mais um item entrou na lista das preocupações nacionais: conseguir figurinhas para o álbum da Copa.

No último torneio em que o craque Lionel Messi vai participar, comprar um pacote de estampas é uma missão impossível. Nas ruas de Buenos Aires, os kioscos (mini-mercados típicos da capital argentina) espalham cartazes “no hay figuras”.

Para comprar, crianças e adolescentes aflitos – e pais e mães argentinos igualmente frustrados – precisam recorrer a sites e aplicativos como Pedidos Já e Rappi, nos quais os pacotes são vendidos com ágio de 50% e já ganharam o apelido de figurinha blue, inspirado no dólar blue, como é chamada a moeda americana vendida no câmbio paralelo.

A crise é tão grande que a Secretaria de Comércio argentina convocou uma mesa nacional de discussão com representantes da Panini, editora responsável pelo álbum, dos quiosqueiros e de outros distribuidores.

“Nem nós entendemos direito o problema, o que sabemos é que a Panini entrega para distribuidores que estão vendendo em mercados paralelos, a preços caríssimos. É uma loucura, todo mundo querendo figurinhas e não temos para vender”, afirma o vice-presidente da União de Quiosqueiros da República Argentina, Adrian Palacios.

As lojas que conseguem pouquíssimas figurinhas vendem no máximo dois pacotes por pessoa. Assim como supermercados de atacado estão limitando produtos como leite e farinha, em meio à escalada da inflação que leva os argentinos a estocarem alimentos em casa, os kioscos decidiram implementar o sistema de cotas para as figurinhas da Copa.

“É muito frustrante tudo isso, sabemos que em nenhum outro país da América Latina acontece a mesma coisa”, desabafa o sindicalista, que esta semana foi recebido na Secretaria de Comércio para analisar a crise e que afirma que, caso a Panini não resolva a situação logo, o setor vai convocar um protesto contra a empresa.

Sair da versão mobile