Impactos negativos das chuvas no Rio Grande do Sul, menor confiança de consumidores e empresários, e expectativas inflacionárias desancoradas indicam que o cenário positivo atual pode estar perto do fim, alerta o Boletim Macro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Na edição de junho, os economistas Armando Castelar e Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, afirmam que o cenário de curto prazo tem se mostrado relativamente benigno, por conta de indicadores de atividade, inflação e contas externas. O FGV Ibre projeta crescimento de 0,5% do PIB no segundo trimestre, ante o primeiro. E de alta de 2%, na comparação com o mesmo trimestre de 2023.
Mas questionam, contudo, se o cenário positivo do primeiro trimestre se sustenta no curto prazo.
“A resposta parece ser não, a julgar pela evolução recente do preço dos ativos brasileiros, assim como pela saída de capitais do país, como refletido no saldo negativo do movimento de câmbio no segmento financeiro”, escrevem no Boletim.
“Em especial, a escalada da taxa de câmbio para valores em torno de R$ 5,40 por dólar, junto com o expressivo deslocamento da curva de juros para cima, são sinais claros de preocupação com a trajetória à frente da economia brasileira.”
Setor externo
Sobre o setor externo o boletim afirma: “O saldo da balança comercial de maio de 2024 foi de US$ 8,5 bilhões, uma queda de US$ 2,5 bilhões em relação a maio de 2023. No acumulado do ano até maio, o saldo da balança, no valor de US$ 35,9 bilhões, superou em US$ 1,4 bilhão o de 2023. As projeções para 2024, porém, são de um saldo menor em relação a 2023. A última projeção do modelo IBRE em maio era de um saldo de US$ 87,7 bilhões, e o do Relatório Focus, após a divulgação do resultado da balança de maio, de US$ 82,5 bilhões. O colchão das reservas internacionais, que minimiza o risco da vulnerabilidade externa, permanece seguro. A piora do saldo comercial em maio de 2024 em relação ao de maio de 2023 é explicada por uma queda em valor de 7,1% nas exportações e aumento de 0,5% nas importações. No acumulado até maio, a variação no valor exportado (2,3%) superou a das importações (1,8%). Chama atenção no desempenho dos fluxos comerciais a diferença nos resultados dos volumes. As exportações recuaram 1,9% e as importações aumentaram em 6,1%, entre maio de 2023 e 2024. Já no acumulado do ano até maio, foi registrada uma variação nas importações de 10,6% e, nas exportações, de 7,5%”. As informações são do jornal Valor Econômico e do Ibre.