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Inflação: indústria muda o tamanho da embalagem para não ter que aumentar preço dos produtos

Além do consumidor, a indústria tem adotado estratégias para não perder vendas com a alta do preço dos alimentos. (Foto: Reprodução)

Além do consumidor, a indústria tem adotado estratégias para não perder vendas com a alta do preço dos alimentos. Uma delas é redimensionar o tamanho das embalagens, afirma Anna Carolina Fercher, coordenadora de atendimento ao cliente e dados estratégicos da Neogrid, empresa de tecnologia e dados. Segundo ela, o objetivo é reduzir impacto do repasse da alta de custos para os preços e garantir a venda por conta do desembolso menor, além de atender a demanda das famílias que diminuíram de tamanho. “Hoje, temos pacote de feijão de 400 gramas que não tínhamos há um ano.”

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas, a indústria de alimentos faz o que o consumidor pede. Há pessoas que querem comprar embalagem menor porque o desembolso é menor e há aqueles que optam por embalagens maiores porque sabem que a eficiência do custo será melhor. “A indústria de alimentos segue os dois caminhos.”

A representante autônoma Neuza Yano, de 63 anos, é uma das consumidoras que optaram pela redução no tamanho da embalagem. No lugar do pé de alface a granel, ela passou a comprar o pacote pequeno de salada verde já desinfetada e pronta para consumo. A troca ocorreu para reduzir o desperdício, diante da alta de preços.

“Hoje já compro só uma embalagem, que é cara, mas eu sei que vou usar tudo”, diz Neuza. Antes comprava a verdura, desinfetava e não consumia a totalidade, porque a quantidade era muito grande e o produto acabava estragando.

A representante autônoma diz está muito mais racional nas compras. “Antes comprava um monte, cozinhava, não comia tudo nem congelava”, citando o exemplo da carne bovina, um produto que, nos últimos meses, tem sido um dos vilões da inflação ao lado do café.

A estratégia de buscar vários canais de vendas e optar ora por embalagens grandes ora por pequenas, dependendo do produto e das vantagens, também se repete no caso das marcas. Em crises passadas, o que se via era o consumidor optando por marcas mais baratas. Atualmente, um mesmo domicílio compra marcas caras e baratas, diz Gabriel Fagundes, líder para pesquisas sobre a indústria da consultoria NielsenIQ.

Levantamento feito pela consultoria mostra que as marcas destacadas no atual contexto de consumo com inflação alta são as que estão nos extremos: as mais caras e as mais baratas. “Os polos performam 50% melhor do que as marcas do meio, que são as que estão sofrendo mais”, diz Fagundes.

Apesar da inflação em alta, o aposentado Celso Rafael da Silva, de 73 anos, não compra marcas desconhecidas. “Não abro mão da qualidade”, afirma. Para manter os produtos conhecidos na despensa, ele visita vários canais de vendas, faz pesquisa de preço e sabe os dias de promoção de cada loja. (Estadão Conteúdo)

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