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Por Redação O Sul | 11 de janeiro de 2022
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do Brasil – fechou 2021 em 10,06%, sob forte influência dos preços dos combustíveis, segundo divulgou nesta terça-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Essa é a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando foi de 10,67%”, destacou o IBGE.
Em 2020, o IPCA foi de 4,52%. Foi também a primeira vez desde 2015 que a inflação ficou acima de 10%. Em dezembro, porém, o IPCA desacelerou para 0,73%, após ter registrado taxa de 0,95% em novembro.
Mesmo tendo desacelerado em dezembro, a inflação de 10,06% no acumulado no ano ficou bem cima do teto da meta para 2021, que era de 5,25%.
Quando isso acontece, o Banco Central tem de escrever uma carta pública explicando as razões. Pelo sistema vigente, o IPCA poderia ficar entre 2,5% e 5,25% para a meta ser oficialmente cumprida. O objetivo central oficial era de 3,75%.
Foi a primeira vez desde 2015 que a inflação oficial estourou o limite do sistema de metas.
Os analistas do mercado financeiro estimavam uma inflação de 9,99% em 2021, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central.
Veja a inflação em 2021 para cada um dos 9 grupos:
— Alimentação e bebidas: 7,94%
— Habitação: 13,05%
— Artigos de residência: 12,07%
— Vestuário: 10,31%
— Transportes: 21,03%
— Saúde e cuidados pessoais: 3,70%
— Despesas pessoais: 4,73%
— Educação: 2,81%
— Comunicação: 1,38%
Vilões do ano
A inflação de dois dígitos em 2021 foi puxada principalmente pelo grupo “Transportes”, que apresentou a maior variação (21,03%) e o maior impacto (4,19 pontos percentuais) no IPCA do ano. Na sequência vieram “Habitação” (13,05%), que contribuiu com 2,05 p.p., e “Alimentação e bebidas” (7,94%), com impacto de 1,68 p.p. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021.
“O grupo dos Transportes foi afetado principalmente pelos combustíveis”, explicou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. “Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar”.
Outros destaques de alta no grupo foram automóveis novos (16,16%), usados (15,05%), passagens aéreas (17,59%) e transportes por aplicativo (33,75%).
A disparada da inflação em 2021 também é explicada pela alta de commodities, desvalorização do real frente ao dólar e crise hídrica, que fez disparar o preço das contas de luz.
A inflação castigou de maneira mais intensa a população pobre. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que abrange as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos ficou em 10,16%, acima da inflação oficial.
Veja os 10 itens com maior impacto na inflação do ano:
— Gasolina: 47,49% (impacto de 2,34 pontos percentuais)
— Energia elétrica: 21,21% (impacto de 0,98 p.p)
— Automóvel novo: 16,16% (impacto de 0.48 p.p.)
— Gás de botijão: 36,99% (0,41 p.p.)
— Etanol: 62,23% (0,41 p.p.)
— Refeição: 7,82% (0,29 p.p.)
— Automóvel usado: 15,05% (0,28 p.p.)
— Aluguel residencial: 6,96% (0,26 p.p.)
— Carnes: 8,45% (0,25 p.p.)
— Produtos farmacêuticos: 6,18% (0,20 p.p)
Nas despesas com habitação, a maior pressão veio da energia elétrica (21,21%). Já o gás de botijão disparou 36,99%.
Nos alimentos, a variação de 7,94% foi menos intensa que a do ano anterior (14,09%), quando esta classe de despesas representou o maior impacto entre os grupos pesquisados. Entre as maiores altas no ano, destaque para café moído (50,24%) e açúcar refinado (47,87%).
O grupo dos vestuários, que tinha sido o único com queda no ano passado, fechou 2021 com a quarta maior variação (10,31%).
Já a inflação de serviços registrou alta de 4,75% em 2021, após variação de 1,73% em 2020, em meio a um cenário de corrosão da renda das famílias e de fraqueza da atividade econômica.
Dezembro
O IPCA de 0,73% em dezembro ficou acima do esperado. A mediana das projeções de 35 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data era de um avanço de 0,65%.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em dezembro, com destaque para vestuário (2,06%), que acelerou em relação a novembro (0,95%).
Já o maior impacto (0,17 p.p) no IPCA do mês veio de “Alimentação e bebidas” (0,84%). O IBGE destacou as altas nos preços do café moído (8,24%), das frutas (8,60%) e das carnes, que subiram 1,38% em dezembro após uma queda de 1,38% em novembro.
Já no grupo “Transportes” houve desaceleração (de 3,35% para 0,58%), explicada principalmente pelo recuo no preço dos combustíveis (-0,94%).