A influenciadora digital Cíntia Chagas prestou queixa contra o deputado estadual de São Paulo Lucas Bove (PL), seu ex-marido, relatando uma série de abusos físicos e psicológicos durante o relacionamento de mais de dois anos que teve com o político.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a 3ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) instaurou inquérito policial e solicitou medida protetiva após queixa da vítima. “O caso foi registrado como violência doméstica, violência psicológica, ameaça, injúria e perseguição. As investigações prosseguem sob sigilo judicial”, completou a pasta.
Em depoimento à Polícia Civil no início de setembro, Cíntia afirmou que o controle excessivo do acusado sobre sua vida começou já no início do relacionamento. Ela contou que sua vida profissional foi prejudicada pelo ciúme de Lucas, que exigia sua localização constantemente, pedia provas, como fotos e notas fiscais, e realizava chamadas de vídeo para verificar onde ela estava.
Além da suposta violência psicológica, Cíntia relatou episódios de violência física. Ela disse que o deputado desenvolveu o hábito de apertar partes de seu corpo a ponto de deixá-la com lesões.
Em um dos episódios narrados pela influenciadora, Bove teria arremessado uma faca em sua direção, sendo que o objeto teria atingido o chão antes de acertar sua perna, de modo a provocar uma lesão.
Cíntia também mencionou um incidente durante um casamento no interior de São Paulo, ocasião em que o deputado a teria forçado a tirar fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e, posteriormente, teria a expulsado da festa de forma agressiva.
Ela contou, ainda, que, em diversas ocasiões, o então marido a humilhava chamando de “burra” e sugerindo que ela só tinha sucesso por ser “uma mulher bonita que fala bem”.
Em um vídeo publicado no Instagram na noite dessa quinta (10), Lucas disse que está proibido de comentar o caso, e que, “no momento certo, a verdade será restabelecida”.
A advogada Gabriela Manssur, que representa a influenciadora, definiu a decisão de Cíntia em denunciar as agressões “como um ato de coragem, de proteção à sua integridade física, psíquica e moral e, acima de tudo, como uma medida de sobrevivência, servindo de exemplo para todas as mulheres que se encontram na mesma situação”. Além disso, a especialista em direitos das mulheres disse que aguarda a conclusão do inquérito e o entendimento do Ministério Público.
Após a apresentação da denúncia, a Justiça de São Paulo concedeu medidas protetivas em favor de Cíntia. De acordo com a decisão, Lucas está proibido de se aproximar da ofendida e de familiares e de se comunicar com ela, além de não poder frequentar os mesmos lugares que a ex-mulher, sob pena de prisão preventiva.