Profissionais de diversas áreas da saúde estão se unindo para tratar questões mentais em crianças, adultos e idosos após as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio causaram estragos em diversos setores.
Pensando nisso, as musicoterapeutas Natália Magalhães e Graziela Pires criaram a iniciativa SOS ENCHENTES RS – Musicoterapia para aqueles que foram diretamente atingidos pelas cheias e obrigados a sair de suas casas. Até o momento, 120 pessoas já foram atendidas. Até o final deste ano, o projeto seguirá de forma presencial em abrigos, ou online.
“Assim que entendemos que a situação era muito grave e que afetaria muito a saúde mental, sobretudo do público infantil que nós atendemos com transtornos de desenvolvimento, autismo e outros, pensamos: temos que fazer alguma coisa”, diz Graziela.
O processo começou no dia 7 de maio através de ações nas redes sociais e grupos de WhatsApp, convidando profissionais da saúde do Brasil a se voluntariarem para atendimentos presenciais e online.
“Fomos buscar apoio da UBAM [União Brasileira das Associações de Musicoterapia] e da AMTRS [Associação de Musicoterapia do Rio Grande do Sul] para abranger o Brasil todo na ação. Em uma semana encerramos as inscrições de profissionais, pois já haviam mais de 80 cadastrados. E os atendimentos iniciaram imediatamente”, destaca Natália.
Fazem parte dos profissionais cadastrados musicoterapeutas de todo o Brasil, de Norte a Sul, com diferentes perfis, experiências e dedicação profissional.
Até o final de junho, um total de 20 pacientes, de 3 a 70 anos, receberam atendimentos online. Cerca de cinco musicoterapeutas voluntários estavam atuando presencial e semanalmente nos abrigos da região metropolitana de Porto Alegre, como no CTG Recanto Nativo, em Viamão, no Colo de Mãe e Lindóia Tênis Clube, ambos em Porto Alegre. Nos abrigos, cerca de 100 pessoas foram atendidas.
Graziela e Natália entendem que o projeto deverá seguir com os atendimentos até o final do segundo semestre.
“Nosso time de voluntários seguirá a postos para acolher qualquer pessoa que sinta a necessidade de um espaço de escuta qualificada, orientação psicológica e, principalmente, que acredite que a música possa auxiliar no processo de cura”, diz Graziela, que desde o dia 8 de junho é presidente da AMTRS.
As coordenadoras do projeto, juntamente com a UBAM e AMTRS, pensaram em formações e supervisões gratuitas para os profissionais que se dispuseram a atender. O musicoterapeuta Gustavo Gattino ministrou a formação “Métodos, técnicas e procedimentos em musicoterapia para situações de crise e experiências traumáticas”. A musicoterapeuta Cláudia Zanini falou sobre a temática “Musicoterapia e lutos: perdas e descobertas”. Já a musicoterapeuta Mariane Oselaime compartilhou o tema “Encaminhamentos pós situação de crise”.