O atacante argentino Emiliano Sala, que morreu após queda de avião em 2019, “estava profundamente inconsciente” ao ser exposto a altos níveis de monóxido de carbono antes do acidente, concluiu o inquérito divulgado nesta quinta-feira (17). Um defeito no sistema de exaustão da aeronave, que realizava um voo comercial não licenciado, teria provocado sua intoxicação.
O jogador, segundo o inquérito, morreu de ferimentos na cabeça e no peito. Ele viajava da França para o País de Gales para finalizar sua transferência do Nantes para o Cardiff City por cerca de 20 milhões de euros, quando o avião caiu no Canal da Mancha. O acidente matou também o piloto David Ibbotson, 59 anos, cujo corpo nunca foi encontrado.
O júri da Câmara Municipal de Bournemouth considerou que Sala era passageiro de um avião particular, conduzido por um piloto que não tinha a licença correta para voar à noite.
De acordo com o patologista Basil Purdue, Sala havia superado uma “intoxicação grave” e “estava profundamente inconsciente” antes da queda do avião. Especialistas apontaram que a causa mais provável para o acúmulo de monóxido de carbono dentro da cabine foi um problema no sistema de exaustão.
O empresário David Henderson, que organizou o voo, foi condenado a 18 meses de prisão por colocar em risco a segurança dos passageiros e usar serviços do piloto mesmo ciente de que ele não tinha as licenças necessárias.
O corpo de Sala foi repatriado para a Argentina em fevereiro de 2019. Ele foi sepultado na pequena cidade de Progreso. O jogador namorava uma atleta de vôlei brasileira, Luiza Ungerer, na época.
Defesa
À época, a defesa de Henderson, no entanto, rejeitou qualquer “imprudência”, afirmando que as falhas de seu cliente consistiam “simplesmente em uma questão de papelada” e que não colocaram o voo em risco.
O advogado também garantiu que a única diferença entre uma licença comercial e uma privada consiste na possibilidade de fazer o passageiro pagar, sem afetar a capacidade do piloto, que tinha mais de 3,5 mil horas de voo.
Andrew Shanahan, advogada de defesa, afirmou que as autoridades da aviação civil “sempre aceitaram” o fato de que a organização do voo em si não tenha sido a causa do acidente, “sugerindo” em seu relatório uma falha da aeronave, que estava com a manutenção em dia.
O avião voava a 435 km/h no momento do impacto com a água, impossibilitando a sobrevivência de seus ocupantes.