Segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 21 de novembro de 2021
O PSDB decidiu suspender, por prazo indefinido, a conclusão das inéditas prévias para a escolha de quem será o candidato do partido à Presidência em 2022. O aplicativo de celular desenvolvido para que os filiados votassem apresentou falhas, o que impossibilitou a escolha de um dos nomes na disputa neste domingo (21).
Segundo o Estadão, apenas 8% dos mais de 44 mil tucanos que se cadastraram conseguiram votar. O problema motivou acusações de fraude entre aliados dos principais adversários, os governadores Eduardo Leite (RS) e João Doria (SP).
“O processo de votação em aplicativo encontra-se pausado em razão de questões de infraestrutura técnica, que não comportou a demanda dos votantes das prévias. Os votos registrados neste domingo estão preservados e o PSDB está definindo, junto com os candidatos, em que momento o processo será retomado”, informou o partido, por meio de nota, no fim da tarde deste domingo.
A votação remota das prévias tucanas foi marcada neste domingo por instabilidade no aplicativo desde o início da votação, às 8h. Tucanos de peso como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aloysio Nunes, por exemplo, não conseguiram votar.
Os votos presenciais, depositados hoje em urnas eletrônicas no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, por sua vez, foram computados, mas o resultado só será revelado ao final do processo de votação, diz o PSDB.
“Os votos registrados neste domingo estão preservados e o PSDB está definindo, junto com os candidatos, em que momento o processo será retomado”, afirma a legenda, em nota. “O PSDB definirá nova data para reabertura do processo de votação para que todos os filiados que não puderam votar neste domingo possam, com tranquilidade e segurança, registrar o seu voto e concluir a escolha do nosso candidato às eleições presidenciais de 2022”.
De acordo com o comunicado oficial do PSDB, o processo de votação em aplicativo está pausado por questões técnicas, porque a plataforma não teria comportado a demanda. “A integridade e a segurança do sistema estão totalmente preservadas”, esclarece a sigla. “Todos os votos registrados desde a abertura da votação neste domingo estão válidos e serão computados”.
A decisão de suspender a votação sem o resultado foi tomada após reunião na sede da legenda, em Brasília, com a presença do presidente tucano, Bruno Araújo, e os três candidatos. Além de Leite e Doria, o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, outro nome na disputa da indicação do partido, participou do encontro.
Nos bastidores, apoiadores de Doria acusam a campanha de Leite de querer adiar as prévias para ganhar no tapetão. Aliados do governador de São Paulo chegaram a dizer até mesmo que adeptos da candidatura de Leite tentam “melar” o processo, com o adiamento das prévias, porque vislumbraram a derrota iminente. A troca de acusações também invadiu as redes sociais. Nos grupos de mensagens do partido, tucanos pedem a renúncia de Bruno Araújo (PSDB), presidente da legenda, por causa do fiasco na votação.
Antes da reunião, pelo Twitter, Doria defendeu a “lisura” das prévias. “Nossa posição é clara. Queremos prévias, lisura e que todos os filiados cadastrados tenham direito garantido ao voto!”, postou.
Doria e Virgílio se uniram em contraposição ao grupo de Leite sobre a necessidade de adiar as prévias. Em nota conjunta, defendem a retomada da votação no próximo domingo, dia 28. “É urgente retomar o processo de escolha do candidato em respeito aos filiados tucanos e o seu direito de votar”, diz o texto.
Questionado, Leite disse ser contrário ao adiamento. “Não defendo adiamento. Quero que resolva o quanto antes”, disse ele.
De acordo com o governador do Rio Grande do Sul, o prolongamento da eleição para escolher o próximo candidato da legenda a concorrer à presidência da República em 2022 faria com o processo perdesse a “integralidade”.
“A campanha de Eduardo Leite manifesta-se em nome do bom senso, da celeridade do processo e da manutenção do regramento eleitoral pela conclusão do processo em, no máximo, 48 horas, exigindo um aditamento ao edital com o novo prazo”, diz o comunicado, assinado também por Tasso Jereissati, José Aníbal, Pimenta da Veiga e Teotônio Vilela Filho, ex-presidentes da sigla e apoiadores de Leite.
“A gente entende que pode ser feita toda a análise técnica amanhã de manhã [segunda, 22]. Fazer uma reunião no fim da manhã para identificar o que gerou os entraves do ponto de vista da estrutura do aplicativo, se façam as correções e ele seja aberto assim que possível”, completa.
Para Leite, se a votação for retomada apenas no dia 28, haverá chance de os dois lados fazerem movimentos que mudariam as feições da campanha.
“O prazo dilatado vai ensejar a reabertura do processo eleitoral nesta semana. Será uma outra campanha. Com mais do que isso (48 horas) as prévias perderiam sua integralidade, seja pelo prazo, seja pelo número de votantes, seja pela incapacidade técnica do aplicativo, seja pela agressão ao ato normativo eleitoral ou seja pelas denúncias de irregularidades de todo o tipo, que se avolumaram no dia de hoje e que poderiam ensejar judicializações e sindicâncias indesejadas”, alega.