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Instalações nucleares, petroquímicas e bases terrestres: entenda o cálculo de Israel para retaliar o Irã após ataques de mísseis

O chefe do Estado-Maior de Israel, o tenente-general Herzi Halevi, diz que o país tem “a capacidade de alcançar e atingir qualquer ponto do Oriente Médio”. (Foto: Reprodução)

Após o ataque do Irã contra Israel na terça-feira (1°), quando cerca de 200 mísseis foram disparados, analistas avaliam que o próximo movimento do Estado judeu tem potencial para determinar o curso da guerra. Diferentemente da ofensiva realizada em abril, quando Israel e aliados interceptaram quase todos os 300 mísseis e drones das forças iranianas – numa investida que, apesar de superior em quantidade de projéteis lançados, foi amplamente considerada simbólica – agora a abordagem do Irã foi mais agressiva e com a intenção de enviar a mensagem de que pode causar danos significativos, dizem especialistas.

Apesar disso, a expectativa é de que Israel esteja considerando ataques a alvos mais relevantes no território iraniano, como bases terrestres, petroquímicas e até mesmo instalações nucleares – mesmo sob risco de uma nova resposta do Irã e após o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmar ser contrário a ataques a unidades atômicas do país.

O chefe do Estado-Maior de Israel, o tenente-general Herzi Halevi, alertou nessa quarta-feira (2) que “temos a capacidade de alcançar e atingir qualquer ponto do Oriente Médio”, uma realidade que os inimigos de Israel “entenderão em breve”, enquanto o premier Benjamin Netanyahu reuniu-se com autoridades de segurança para discutir as opções do país após manter conversas com Washington. Em meio às manifestações israelenses de que a ação não passará sem resposta, o chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, general Mohammad Bagheri, ameaçou bombardear “todas as infraestruturas” de Israel. Já o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, insistiu que o Irã “não quer guerra”, mas que responderá se houver retaliação.

O Irã afirmou que o ataque de terça teve como alvo grandes bases aéreas israelenses, como Nevatim e Tel Nof. Nessa quarta-feira, as Forças Armadas israelenses confirmaram que várias bases foram danificadas, mas com a ressalva de que nenhum equipamento de combate, soldados ou aeronaves foram atingidos. Além disso, cerca de 100 casas foram danificadas na cidade de Hod Hasharon por um míssil que caiu em uma área aberta, enquanto uma escola em Gedera, também no centro do país, sofreu um impacto direto.

Centros comerciais e carros de civis também ficaram danificados. Segundo relatado pela rede britânica BBC, uma cratera de 8 a 10 metros de profundidade foi vista ao norte de Tel Aviv. Se qualquer um dos quase 200 mísseis balísticos disparados tivesse atingido um prédio residencial, estádio esportivo ou um shopping center, diz a rede britânica, poderia ter provocado dezenas – e possivelmente centenas – de vítimas.

Embora Israel e seus aliados tenham inicialmente retratado o ataque como um fracasso, o fato de que uma parte dos mísseis conseguiu alcançar os alvos revela uma preocupação antiga das autoridades de segurança israelenses: a possibilidade de que um lançamento em conjunto de mísseis balísticos por parte do Irã, do grupo xiita libanês Hezbollah ou de qualquer outro grupo alinhado a Teerã possa sobrecarregar as defesas aéreas do Estado judeu e permitir que alguns foguetes escapem e atinjam áreas urbanas densamente povoadas.

Ali Ahmadi, membro executivo do Centro de Política de Segurança de Genebra, disse que “o ataque do Irã em abril – que foi avisado com antecedência, permitindo sua interceptação por Israel e aliados – foi deliberadamente concebido para ser ineficaz, de modo a não escalar”, mas o sentimento no Irã é que foi tomado como um sinal de fraqueza.

“O Irã sentiu que tinha de desacreditar as defesas aéreas israelenses e americanas”, disse Ahmadi à rede americana CNN, acrescentando que, embora o ataque de terça-feira não deixado muitas vítimas, com exceção de um palestino morto na Cisjordânia, “estabeleceu que Israel pode ser obrigado a assumir custos sérios”. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.

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