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Saúde Instituto Butantan desenvolve versão “turbinada” da vacina BCG e aumenta a eficácia contra tuberculose para 99%

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Dose criada com base na versão do H1N1 de 1918, que causou a gripe espanhola, induziu defesas até mesmo contra o H5N1, da gripe aviária atual. (Foto: Reprodução)

Pesquisadores do Instituto Butantan estão desenvolvendo uma versão mais potente da vacina BCG, que protege contra a tuberculose. Enquanto o imunizante convencional reduziu em 90% a infecção nos experimentos com camundongos, com a chamada BCG recombinante o índice de proteção subiu para 99%. Além disso, a nova formulação protegeu os animais por um período mais longo.

“A BCG é a primeira vacina que recebemos ao nascer e ela de fato é efetiva na proteção de crianças. Mas a imunidade contra a doença tende a cair na vida adulta e, como as bactérias estão se tornando resistentes aos antibióticos, ninguém está seguro. Tem sido feito um esforço mundial para tentar melhorar a prevenção da tuberculose pulmonar adulta. Hoje são registrados cerca de 10 milhões de novos casos e 1,5 milhão de mortes por ano no mundo”, disse à Agência FAPESP Luciana Cezar de Cerqueira Leite, pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan e principal autora do estudo.

O grupo Butantan, com a ajuda de colaboradores de diversos países, adotaram uma abordagem conhecida como biologia de sistemas, que consiste em observar no modelo animal o comportamento de milhares de genes, em diferentes tecidos (principalmente pulmão e linfonodos), ao longo de toda a montagem da resposta imune. Assim, eles conseguiram entender por que a BCG recombinante leva a uma resposta imune mais intensa e duradoura.

“Sequenciamos todo o RNA que foi expresso e está presente em amostras coletadas em vários momentos: antes de o animal ser imunizado, sete e 90 dias após a imunização – quando é feito o desafio (a bactéria é inoculada no nariz dos roedores) – e sete e 90 dias após o desafio”, conta Cerqueira Leite.

Foram comparadas amostras de três grupos de camundongos: um não imunizado, outro que recebeu a BCG convencional e um terceiro vacinado com a BCG recombinante. Em cada momento de análise, foram comparados quais genes estavam com a expressão aumentada ou diminuída nos diferentes grupos.

Segundo a pesquisadora, com sete dias de imunização, o grupo que recebeu a versão recombinante, já tinha cerca de 200 genes sendo ativados, enquanto o grupo que recebeu a BCG convencional ainda não tinha acontecido nenhuma diferença.

“Depois de 90 dias, a resposta à BCG convencional já começa a cair, enquanto no grupo recombinante ela se mantém. Mas a grande novidade é que as duas vacinas atuam por caminhos metabólicos bem diferentes e nós conseguimos mapeá-los. Os dados serão publicados em breve”, revela a pesquisadora.

Bactéria turbinada

Onipresente nas maternidades brasileiras, a vacina BCG foi criada há mais de cem anos a partir da atenuação da bactéria causadora da tuberculose bovina (Mycobacterium bovis), que é muito parecida com a da tuberculose humana (M. tuberculosis).

Já a versão recombinante contém a capacidade de produzir um fragmento de uma toxina originalmente secretada pela Escherichia coli, espécie bacteriana comumente presente no intestino humano.

“Algumas bactérias E. coli produzem toxinas sensíveis ao calor, conhecidas pela sigla LT, que são altamente imunogênicas, ou seja, induzem uma forte resposta do sistema imune. Na vacina recombinante nós usamos um fragmento detoxificado LT (denominado LTAK63). Ele não é capaz de causar doença, mas mantém a imunogenicidade, então funciona como um adjuvante da vacina BCG”, explica Cerqueira Leite.

Cerqueira afirma que os primeiros estudos usando a vacina recombinante tinha como objetivo o desenvolvimento de um imunizante neonatal contra a coqueluche. Doença que voltou a apresentar alta de casos no Brasil no começo deste ano. Isso porque a BCG pode ser dada no nascimento, enquanto o imunizante atualmente disponível contra a coqueluche (a vacina tríplice bacteriana, ou DTP) só oferece proteção a partir dos seis meses de idade. E por isso, segundo a pesquisadora, eles resolveram usar um fragmento da toxina produzida pela bactéria da coqueluche (Bordetella pertussis).

Diante dos resultados promissores, a mesma plataforma vem sendo empregada na busca de novas e melhores vacinas contra coqueluche, tuberculose, pneumonia (causada por Streptococcus pneumoniae ou pneumococo) e esquistossomose, bem como no tratamento do câncer de bexiga.

Nos experimentos feitos com o modelo animal de tuberculose, observou-se que a BCG recombinante reduz em 100 vezes a quantidade de bactéria no pulmão e diminui a inflamação no órgão.

“Ao tentar matar a bactéria, as células de defesa acabam atacando tudo o que está por perto e causam lesão nos tecidos. Mas o pulmão dos animais imunizados com a BCG recombinante é branquinho, menos inflamado. Agora, ao detalhar o mecanismo de ação das duas vacinas, a gente entende por que isso acontece”, diz Cerqueira Leite.

O grupo, antes de iniciar os estudos clínicos, pretende fazer mais uma rodada de testes em bovinos. Segundo a pesquisadora, a expectativa é que produção dos lotes experimentais do imunizante ocorra em 2025 e que os ensaios comecem no ano seguinte.

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