Terça-feira, 29 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2019
“Nosso dever é olhar para os problemas e buscar soluções. Isso começa com sonhos e só se torna realidade com muito trabalho e equipes dedicadas”. A afirmação é de um dos fundadores e atual presidente do ICI (Instituto do Câncer Infantil), Dr Algemir Brunetto, que celebra os feitos da instituição que chega aos seus 28 anos de atividades com muitas conquistas.
Brunetto, especialista em Oncologia Pediátrica e Transplante de Medula Óssea, relata etapas importantes na consolidação desta trajetória de sucesso do ICI desde sua implantação. A primeira delas está relacionada ao pioneirismo na parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, ao implantar uma estrutura especializada para crianças e adolescentes com câncer em nosso Estado, contribuindo de forma decisiva para a o aumento dos índices de cura da doença. No Brasil ocorrem em torno de 10 mil casos de câncer a cada ano, sendo 500 no Rio Grande do Sul. O câncer representa a primeira causa de morte por doença em menores de 19 anos de idade. “Em centros especializados, a cura do câncer infanto-juvenil chega a 70%”, aponta Brunetto.
O sucesso do modelo de parceria com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) possibilitou a criação em 2014 de um projeto para ampliar parcerias com os outros 6 centros do Estado, habilitados pelo Ministério da Saúde para a especialidade de Oncologia Pediátrica. São três na Capital (Nossa Senhora da Conceição, Santa Casa e Hospital São Lucas/ PUCRS), somados a outros três no interior do RS, em Santa Maria, Caxias do Sul e Passo Fundo.
Terceiro Setor
O presidente do ICI salienta que “este avanço tem muito a ver com a organização do Terceiro Setor, com empresas apoiando o ICI na expansão de assistência a estas crianças e apoio às famílias”. Foi o que impulsionou a construção da nova sede do ICI, inaugurada em 2016, no bairro Rio Branco, na Capital, com três mil metros quadrados. Hoje, o ICI conta com o Centro Integrado de Apoio, com equipes multidisciplinares, oferecendo serviços complementares, o que é feito através dos hospitais parceiros, no próprio Instituto. Além da assistência multidisciplinar aos pacientes os famílias que necessitam recebem cestas básicas, vestuário, medicamentos, auxílio-transporte, entre outros benefícios. Foram 18 mil atendimentos em 2018. Além disso, o ICI conta em sua sede com uma ala específica para desenvolvimento de pesquisas científicas, “cuja essência é identificar tratamentos mais eficientes e menos tóxicos aos pacientes”.
Fruto do que o Dr.Brunetto qualifica como uma segunda etapa do ICI, foi a reforma, em 2017, da Unidade de Oncologia Pediátrica do Hospital da Criança Conceição, com recursos oriundos da tradicional campanha McLanche Feliz, destinando parte da arrecadação da venda dos produtos para o ICI. “Com o apoio da sociedade e do trabalho voluntário nossa capacidade de apoio aos pacientes e suas famílias cresce a cada ano”.
Plano de Saúde Pública
Novas iniciativas deverão fortalecer ainda mais a atividade do ICI, em âmbito nacional e até internacional. Com foco agora numa terceira etapa de expansão dos programas assistenciais, o ICI mobiliza suas equipes para apoiar o projeto da criação de uma Frente Parlamentar Nacional, de iniciativa do deputado federal Bibo Nunes que viabilizou recentemente a criação de uma bancada no Congresso Nacional para combate ao câncer infantil, visando ampliar e qualificar o diagnóstico e tratamento da doença.
O lançamento desta Frente Parlamentar aconteceu há cerca de dois meses, em Brasília, na Câmara dos Deputados, com aprovação de 211 parlamentares, sob a tutela do presidente da casa, Rodrigo Maia. Agora, uma sessão solene no Congresso Nacional está prevista para o dia 11 de dezembro, com a apresentação “de um plano de saúde pública específica para o câncer infantil”. Brunetto reitera que o objetivo é a criação de um projeto de lei para qualificar estes serviços, não apenas no RS mas em outras regiões, como por exemplo o Norte e Nordeste. “É um pleito para melhorias nas políticas públicas de saúde. Mesmo reconhecendo a realidade de limitações de recursos públicos, estamos elaborando uma pauta justa e exequível que permita avanços na regulação para que cada paciente possa ter as melhores chances de vencer a doença. A iniciativa conta com o apoio de um comitê estratégico integrado pelo próprio ICI, Sociedade Brasileira de Pediatria Oncológica, Confederação de Apoio às Entidades Ligadas ao Câncer Infantil e Instituto Ronald McDonald’s.
No RS, também acaba de ser formalizada a criação da Frente Parlamentar Gaúcha ao Câncer Infantil, coordenada pelo deputado estadual, Tenente-Coronel Zucco, visando, através da criação de um projeto de lei para a captação de recursos governamentais específicos para o setor. “A Frente Parlamentar Nacional e a Estadual são suprapartidárias”, defende o presidente do ICI. Ele aponta que as iniciativas são de engajamento dos parlamentares aos esforços da sociedade e representam uma união de forças, um sentar na mesa com os gestores nas esferas municipal, estadual e federal visando construção de um consenso para aprimoramento do atual modelo assistencial.
Os frutos deste trabalho também começam a ser colhidos em âmbito internacional, abrindo portas para novas parcerias do ICI com centros especializados na América do Sul, em 34 hospitais do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Paraguai e Guatemala.
Embaixador do ICI
Recentemente, o jogador D’Alessandro foi intitulado, oficialmente, Embaixador do Instituto do Câncer Infantil na América Latina, em ação inédita para unir centros de pesquisa do continente, através do Protocolo Latino Americano de Sarcoma de Ewing.”São países que começam a enxergar nossos projetos e querem participar”. As perspectivas apontam para a criação de um comitê integrado por representantes destes mercados com foco em pesquisas científicas “para um melhor conhecimento da influência na doença de fatores étnicos, ambientais e genéticos. este conhecimento é fundamental para permitir o desenvolvimento de tratamentos inovadores. (Clarisse Ledur)