Quarta-feira, 08 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2024
Integrantes do Alto Comando do Exército avaliam que o depoimento do ex-comandante Freire Gomes no inquérito da Polícia Federal (PF), que investiga uma tentativa de golpe de Estado, terá reflexos positivos para a Força.
A irritação da cúpula militar com a investigação da PF sobre o golpe
A expectativa de generais ouvidos pela coluna é que os esclarecimentos feitos por Freire Gomes ajudem a “aliviar” a suspeição de que teria existido um movimento golpista na cúpula do Exército. Em seu depoimento, o ex-comandante relatou aos investigadores que ele participou da reunião na qual Bolsonaro discutiu minutas golpistas, mas afirmou que se opôs aos planos do ex-presidente.
O depoimento vai na mesma linha do relato do ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid. Em sua delação premiada, Cid diz que o único comandante das Forças Armadas que aceitou embarcar na aventura golpista proposta por Bolsonaro foi Almir Garnier, da Marinha.
Na caserna, a leitura é que o depoimento de Freire Gomes reforça a mensagem que a atual cúpula das Forças Armadas repete: apesar das pressões externas, principalmente de Bolsonaro, o comandante do Exército, que é o responsável pela tropa, não abraçou o golpe.
A avaliação de generais da ativa é que o depoimento de Freire Gomes à PF ajuda a mostrar que o comando Exército estava comprometido em trabalhar pela transição para o governo Lula.
Acampamento
Em seu depoimento, Freire Gomes disse à PF que não interferiu na manutenção do acampamento golpista montado em frente do Quartel-Geral de Brasília por ordem do presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaristas começaram a montar estruturas em torno de QGs logo após o resultado das eleições. Os grupos pediam atuação dos militares para manter o ex-presidente no poder, a despeito do resultado das urnas.
No dia 11 novembro de 2022, Freire Gomes e os então comandantes da Marinha, Almir Garnier, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Junior, tinham assinado uma nota intitulada “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”.
O documento chamava os acampamentos bolsonaristas de “manifestações populares”.
“São condenáveis tanto eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos, quanto eventuais excessos cometidos em manifestações que possam restringir os direitos individuais e coletivos ou colocar em risco a segurança pública; bem como quaisquer ações, de indivíduos ou de entidades, públicas ou privadas, que alimentem a desarmonia na sociedade”, diz trecho da nota.