Após a revolta das forças do Grupo Wagner na Rússia, os Estados Unidos e a Europa voltaram seus olhos para uma Belarus cada vez mais imprevisível – uma importante aliada da Rússia que as autoridades ocidentais temem que possa dar às tropas mercenárias exiladas um novo lar e servir como um campo de concentração para armas nucleares russas.
Mas até agora, as autoridades americanas e europeias não viram sinais claros de que qualquer um dos cenários esteja se desenrolando. Embora as autoridades estejam monitorando de perto um aparente acampamento militar que surgiu fora de Minsk após o levante no sul da Rússia, as tropas de Wagner não parecem ter se mudado para o país em massa.
“Pode acontecer que Wagner PMC [empresa paramilitar privada] decida não se mudar para cá”, disse o presidente belarusso Alexander Lukashenko na quinta-feira (06). O líder do grupo, Yevgeny Prigozhin, nem mesmo está em Belarus, disse Lukashenko – ele está na Rússia, afirmou o presidente.
E enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, disse no mês passado que as instalações em Belarus necessárias para armazenar as armas nucleares táticas estariam prontas em 7 de julho, as autoridades ocidentais também não viram sinais disso.
Belarus ainda não parece ter a infraestrutura adequada para abrigar as armas, disseram as autoridades, e provavelmente levará meses, se não mais, antes que isso seja tecnicamente viável. As imagens de satélite disponíveis também não mostraram nenhum sinal do tipo de preparação e segurança que seria padrão em uma instalação nuclear russa.
A Rússia tem o maior arsenal de armas nucleares do mundo, com 4.477 ogivas nucleares implantadas e de reserva, incluindo cerca de 1.900 armas nucleares táticas, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos. Não está claro quantos desses a Rússia planeja enviar para Belarus.
“Estamos nesta névoa de espelhos russos. Que ações Putin tomará? Não sabemos”, disse Max Bergmann, diretor de estudos russos e europeus do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
“Putin não precisa de armas nucleares táticas em Belarus para usar essas armas”, acrescentou Bergmann. “Mas é preocupante para os EUA que armas nucleares táticas possam ser colocadas em Belarus com mercenários de Wagner. Dito isso, parece que há um longo caminho a percorrer antes mesmo de chegarmos lá.”