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Colunistas Intervenção militar? Os jovens que não sabem e os velhos que esqueceram!

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(Foto: Alan White/Fotos Públicas)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Os recentes episódios envolvendo a greve de caminhoneiros trouxeram à luz uma faceta estranha e bizarra de parte da população, juristas, profissionais em geral, caminhoneiros e empresários do ramo de transporte, os quais, como estamos sabendo agora, não estão tão inocentes assim, havendo até mesmo prisão de alguns por boicote e lockout. A parte feia disso tudo foi o pedido de intervenção militar.

Como bem disse o filósofo Leandro Karnal, se o cara que pede intervenção militar é jovem, temos de ensiná-lo. Temos de contar a ele como é um país sem liberdades. Temos de dizer a ele que, se ele for atendido, esse tipo de manifestação acaba. Temos de ensinar a ele o que foi o AI 5. O que é a tortura de mulheres grávidas. Quer dizer, se o carinha que pede intervenção tiver sucesso, fracassa. Se ganhar, perde. Simples assim.

Todavia, se quem pede intervenção militar for alguém mais velho, temos de alertá-lo. Ele está cometendo um crime de lesa Constituição. As cláusulas pétreas não permitem a realização de seu desejo. Sendo, pois, uma pessoa com certa idade, devemos atribuir a esse ímpeto de viver em uma ditadura o fato de que a idade fez com que a memória lhe falhasse. Não há como defender eticamente a intervenção militar, lembra corretamente Karnal.

A energia com que pedem a intervenção militar poderia ser usada para exigir que a Petrobras seja enquadrada dentro dos parâmetros do artigo 177 da Constituição Federal, que institui o monopólio da União na prospecção, pesquisa, distribuição, importação exportação do petróleo e derivados. Portanto, o povo – a União – é que é o sócio majoritário.

Como bem lembrou o ex-ministro Cirne Lima no Programa Pampa Debates, os acionistas minoritários, ao comprarem ações da Petrobras, deveriam saber o risco que estão/estavam correndo. O que não se pode fazer é colocar um país em polvorosa porque a Petrobras quer manter lucro às custas da malta brasileira.

Sim, a Petrobras é uma empresa pública, como bem lembrou Paulo Sérgio Pinto na ancoragem do mesmo programa, do qual faço parte às segundas-feiras na TV Pampa. Pode-se chamar a Petrobras de qualquer coisa: mas não deixará de ser pública, por disposição constitucional-material. Basta ver o aludido artigo 177 da Constituição.

De forma irresponsável, a Petrobras enfiou mais de 200 aumentos nos preços do diesel desde 2016. Para quê? Para dar lucro aos acionistas minoritários. Resultado: isso que está aí. Que enfureceu os grevistas. E que animou alguns empresários a fazerem lockout. Mesmo arriscando levar o país à ruína, com a falta de abastecimento. Jornalistas mais à direita, como Gustavo Vitorino, colocaram a culpa diretamente… na esquerda. Pelo visto, equivocou-se o nosso querido Gustavo. Se alguém estava boicotando a volta, não era bem gente da esquerda.

Agora, feito o acordo e retomado – espero que sim – o abastecimento, vê-se que o povo é que subsidiará o desconto de 46 centavos no diesel. Os caminhoneiros serão beneficiados. E também os proprietários de belas e grandes camionetas diesel. Sim, a malta financiará o desconto no diesel também das grandes camionetas, em algumas das quais se lê adesivos de “intervenção militar já”. Pois é. Mas não acho que devemos subsidiar carros de passeio movidos a diesel.

No mais, insisto em uma coisa. Que nenhum politico venha a falar em “crise de modal”, queixando-se do “rodoviarismo”. Décadas perdidas. Ineficiência. Ninguém quis apostar nos trilhos. E nem na água. Por isso o País não ficou nos trilhos e ainda por cima fez água. Quero ver onde o primeiro dormente será assentado. Depois podemos falar.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/intervencao-militar-os-jovens-que-nao-sabem-e-os-velhos-que-esqueceram/ Intervenção militar? Os jovens que não sabem e os velhos que esqueceram! 2018-06-02
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