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Intervencionismo e barreiras comerciais

O número representa um avanço de 2,14 pontos percentuais do PIB em relação ao registrado em 2020. (Foto: Reprodução)

Na semana passada, discutia-se a criação de uma barreira antidumping – contra práticas desleais – sobre as importações de aço laminado da China e da Rússia. Após votação na Câmara de Comércio Exterior (Camex), os ministros decidiram por não estabelecer a barreira. Mas qual teria sido o resultado se ela fosse criada?

Em 1850, Frédéric Bastiat já discorria sobre o tema do intervencionismo econômico. Afirmava que “Na esfera econômica, um ato, um hábito, uma instituição, uma lei não geram somente um efeito, mas uma série de efeitos. Dentre esses, só o primeiro é imediato. Manifesta-se simultaneamente com a sua causa. É visível. Os outros só aparecem depois e não são visíveis”.

Assim, o que se vê nesse caso é o governo querendo aplicar uma barreira de mercado para inibir os supostos preços desleais dessas importações e proteger a indústria nacional. O que não se vê é o aumento dos custos dos consumidores internos na medida em que deixam de comprar o produto importado, de menor preço, e passam a adquirir o produto nacional. Esses consumidores, fabricantes de eletrodomésticos e de carros, vão ter seus custos de produção elevados e os repassarão a seus consumidores, e assim continuamente, criando um círculo vicioso de aumento de preços.

Essa influência está diretamente relacionada com o mercado consumidor de aço laminado, porém, a intervenção do Estado se refletirá em outros mercados. Um exemplo é a preocupação ressaltada pelo ministro da Agricultura caso a barreira antidumping fosse criada: a relação comercial entre o Brasil e esses países seria abalada, e em decorrência disso poderíamos prejudicar a exportação de produtos agrícolas para esses países.

Assim, indiferentemente do mercado e do cenário em que se encontre, sempre que houver interferência do Estado não podemos deixar de considerar as consequências indiretas causadas por essa intromissão. Se o Estado quer realmente ajudar a economia, o melhor que ele pode fazer é reduzir a sua influência sobre as relações comerciais e reduzir a carga tributária. Seria muito melhor para todos, e não só para alguns.

Bárbara Veit, empresária e associada do IEE

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