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Lagoas dos Patos e Mirim podem acabar formando um único corpo de água; entenda

Mancha mostra as áreas que deverão ser atingidas pela inundação da Lagoa dos Patos. (Foto: IPH/UFRGS)

Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), fizeram um mapa das áreas que possivelmente serão atingidas por enchentes após a cheia na Lagoa dos Patos.

Conforme a previsão, a inundação deve atingir municípios como Pelotas, São Lourenço do Sul, Rio Grande, Capão do Leão, São José do Norte, Arambaré, Tapes, Palmares do Sul, Capivari do Sul e Viamão.

Ao longo da semana, meteorologistas da MetSul alertaram que, a depender do volume de água, as lagoas dos Patos e Mirim se encontrem, podendo acabar formando um único corpo d’água.

A Lagoa dos Patos é interligada com o Guaíba, que banha a Região Metropolitana de Porto Alegre e que nesta semana atingiu o nível histórico de 5,3 metros. Por haver essa ligação, a Lagoa dos Patos deve receber um alto volume de água que chegou ao Guaíba nos últimos dias a partir dos grandes rios que cruzam o Estado, como Taquari, Jacuí e Sinos.

Medições feitas pela Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que o nível da Lagoa dos Patos já vem aumentando nos últimos dias. Em quatro estações de medição, o nível já está acima da cota de inundação.

Em São Lourenço do Sul, por exemplo, o nível estava em 2,45 metros às 7h desta sexta-feira (10). Há uma semana, no mesmo horário, o nível estava em 1,65 metro. Em Pelotas, a água estava em 2,48 metros na manhã desta sexta, contra 1,22 metro há sete dias.

Diante da iminente inundação, algumas prefeituras da região já determinaram que as pessoas evacuem regiões próximas à lagoa.

“A inundação já está grande neste momento. E a expectativa é de que seja maior do que a cheia de 2023 e que a histórica de 1941”, comenta o pesquisador Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, que é professor no IPH/UFRGS.

Assim como ocorreu em Porto Alegre, a cidade de Rio Grande também foi atingida pela grande enchente de 1941.

“As chuvas excessivas ocorridas em grande parte do Rio Grande do Sul e escoadas pela Lagoa dos Patos até a Barra do Rio Grande é que promoveram a elevação das águas que invadiram a cidade”, diz um trecho de um artigo científico sobre o tema, escrito pelo professor Luiz Henrique Torres, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).

“Foi um outono muito chuvoso no Rio Grande do Sul. No mês de abril os municípios de Santa Maria, Carazinho, Gravataí, Arroio do Meio, São Sebastião do Caí, Santo Antônio da Patrulha, Novo Hamburgo e São Jerônimo, apresentavam alagamentos. Em várias outras cidades, no mês de maio, os rios romperam o leito e provocaram alagamentos. Foi o caso, no Vale do Rio Pardo, de Venâncio Aires com 1.000 desabrigados e Rio Pardo, com 500”, acrescenta o artigo.

A enchente em Rio Grande no ano de 1941 deixou 3.905 pessoas desalojadas. Na Ilha de Torotama, também em Rio Grande, registros da imprensa da época dão conta que a água permaneceu a 1 metro de altura por 34 dias, provocando a morte de 2 mil cabeças de gado.

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