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Por Redação O Sul | 23 de agosto de 2019
Dias antes de sequestrar um ônibus da Viação Galo Branco e manter 39 pessoas reféns por cerca de três horas e meia, na Ponte Rio-Niterói, Willian Augusto da Silva, de 20 anos, usou um telefone celular para pesquisar na internet o ataque a tiros da escola de Suzano, em São Paulo, que ocorreu no dia 13 de março e deixou oito pessoas mortas.
Agentes da Delegacia de Homicídios (DH) continuam tentando desbloquear um celular que foi encontrado no ônibus sequestrado e que pode ser o mesmo usado por William. O objetivo é obter detalhes de todos os acessos feitos pelo sequestrador na rede mundial de computadores. De acordo com depoimentos de parentes, William tinha hábito de trocar constantemente o chip do celular que utilizava. Foram pelo menos cinco trocas entre janeiro e a última terça-feira (20), quando o sequestro ocorreu.
A Polícia Civil vai investigar a hipótese de que William possa ter trocado mensagens com alguém antes ou durante o sequestro do ônibus, já que no dia do crime, além do telefone, ele também usava fone de ouvido. Investigadores da DH descobriram, nesta quarta-feira (21), que a linha telefônica usada por ele pertencia a outra pessoa. Ela já foi identificada e será intimada para prestar depoimento.
William Augusto morreu durante o sequestro, após ser atingido por tiros disparados por atiradores de elite do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar. Caso não obtenham sucesso na tentativa de desbloquear o celular apreendido, os policias da DH irão encaminhar o telefone para um laboratório da Polícia Civil, onde poderá ser feita uma espécie de perícia.
A expectativa é a de que, durante o exame, sejam obtidos dados como troca de mensagens e acessos supostamente feitos por William nas redes sociais. Segundo depoimentos prestados por familiares do sequestrador, ele não usava computador para acessar as redes sociais, apenas um celular. Uma das linhas que serão analisadas é de que ele pode usado para isso a Deep Web. Até o momento, não há dúvida de que o sequestro do ônibus foi planejado com antecedência.
No ônibus, ele carregava dentro de uma mochila todo o material que iria usar durante o sequestro — a réplica de uma pistola, uma arma de choque, garrafas PET cortadas para colocar gasolina, barbante, um isqueiro e um livro, “O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio”, do escritor Charles Bukowski. A obra é uma reflexão sobre a vida e mostra como a sociedade negligencia pequenas coisas que poderiam torná-la melhor. O livro foi publicado em 1998, quatro anos após a morte de Bukowski.