Sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2016
Único parlamentar do PTB investigado pela Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), o senador Fernando Collor (AL) deixou o partido na quinta-feira (17), após nove anos de filiação. A saída ocorre na mesma semana em que a presidente do PTB, a deputada Cristiane Brasil, pediu a união da bancada no Congresso em torno do impeachment da presidente Dilma Rousseff, de quem o senador é aliado. O PTB também é o partido do relator da comissão processante na Câmara, o deputado Jovair Arantes (GO).
Como senador, o ex-presidente da República não precisa observar o prazo da janela partidária, que se encerra nesta sexta-feira (18), já que o Supremo decidiu que ocupantes de cargos majoritários são detentores do mandato, diferentemente dos deputados. No caso deles, o mandato é considerado do partido. A assessoria do ex-petebista disse que ele ainda não decidiu a qual legenda se filiará nem quis comentar quais foram os motivos para a saída da sigla.
Apesar de tecer críticas a Dilma, Collor já disse não torcer contra a presidenta por não querer ver se repetir o que ocorreu com ele, em 1992. “Talvez em função de um desejo íntimo meu: que não ocorra com nenhum presidente o que ocorreu comigo”, disse em dezembro. Mas, para isso, seria necessário “acreditar em milagres”, ressaltou.
Filha do ex-presidente do PTB, Roberto Jefferson, que cumpriu pena por seu envolvimento no mensalão, Cristiane Brasil sempre fez oposição a Dilma. Em comunicado à legenda esta semana, a deputada defendeu que a bancada petebista entre em sintonia com “as ruas”.
“Este governo acabou, não tem mais condições morais de continuar, e é preciso que o Diretório Nacional do PTB e sua bancada parlamentar estejam absolutamente unidas em favor do povo brasileiro”, defendeu. Alguns parlamentares, como Collor, eram resistentes ao desembarque total do governo. O partido tem um ministro: o senador licenciado Armando Monteiro (PE), que chefia o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Denunciado
Collor foi denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em agosto de 2015, por corrupção e lavagem de dinheiro. As investigações indicam que o parlamentar recebeu cerca de R$ 26 milhões de propina em contratos da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, de acordo com Janot.
Segundo a denúncia, o ex-presidente utilizou assessores no Senado, colaboradores e empresas em atividade e de fachada para receber repasses em contratos celebrados entre a Petrobras Distribuidora e a DVBR Derivados do Brasil. O ex-petebista nega envolvimento com as irregularidades e acusa o procurador-geral da República de perseguição.
Nota da presidente do PTB sobre o impeachment de Dilma:
“O Partido Trabalhista Brasileiro, nessas suas sete décadas de história, sempre participou, com sangue, suor e lágrimas, da construção do Estado Democrático de Direito Republicano, o mesmo Estado que a população defendeu nas ruas de todo o Brasil no último dia 13 de março. Neste sentido, o Diretório Nacional do PTB, que já possui direção clara contra o governo de Dilma, Lula e do PT, neste momento grave da vida nacional, apela à totalidade da bancada trabalhista no Congresso Nacional para que siga este mesmo caminho, que está em sintonia com o sentimento que vemos brotar das ruas nas vozes de trabalhadores, empresários, profissionais liberais, donas de casa, enfim, do conjunto da sociedade. Este governo acabou, não tem mais condições morais de continuar, e é preciso que o Diretório Nacional do PTB e sua bancada parlamentar estejam absolutamente unidas em favor do povo brasileiro.
Cristiane Brasil
Presidente nacional do PTB”