O estudo “O trabalho remoto e a pandemia: a manutenção do status quo de desigualdade de renda no País”, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra que o trabalho remoto englobou, em outubro deste ano, um total de 7,6 milhões de pessoas, o que correspondeu a 9,6% das 79,4 milhões de pessoas ocupadas no Brasil e não afastadas. Foi o segundo mês consecutivo de redução no percentual de brasileiros trabalhando de forma remota, sinalizou o levantamento. Isso quer dizer que foram 477 mil pessoas a menos do que o estimado em setembro. De acordo com o Ipea, essa é a primeira vez, desde o início da pandemia do novo coronavírus, que esse número é inferior a 8 milhões.
As estimativas do estudo do Ipea foram calculadas com base na Pnad Covid-19, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A Pnad Covid-19 objetiva estabelecer o número de pessoas com sintomas referidos associados à síndrome gripal e monitorar os impactos da pandemia no mercado de trabalho brasileiro.
Remuneração
Segundo o Ipea, a remuneração dos trabalhadores que trabalham de casa alcançou R$ 33,6 bilhões no mês de outubro, o que corresponde a 18,5% da massa total de rendimentos efetivamente recebida por todas as pessoas ocupadas no País, da ordem de R$ 181,5 bilhões. No mês de setembro, 10,7% das pessoas ocupadas e não afastadas trabalharam de forma remota, sendo responsáveis por 20% da massa de rendimentos.
O Ipea verificou também a questão da desigualdade de rendimentos do trabalho remoto per capita, isto é, por indivíduo, no País. Não houve aumento significativo da desigualdade como resultado do trabalho remoto. Segundo o pesquisador Geraldo Góes, um dos autores do estudo, independente da pandemia do novo coronavírus, a desigualdade de renda permanece elevada no Brasil e o percentual da massa de rendimentos gerada pelas pessoas em trabalho remoto continua sendo praticamente o dobro do percentual de pessoas ocupadas que estão em home office.
Em relação ao mês anterior, o perfil de quem está trabalhando em casa permaneceu estável. Em outubro, observou-se que as mulheres constituíam a maioria das pessoas em trabalho remoto (56,9%), da cor branca (65%), com nível superior completo (76%) e idade entre 30 e 39 anos (32%). Predominou, em outubro também, o setor formal no teletrabalho (84,1%), que equivale a 6,4 milhões de pessoas, enquanto os restantes 15,9% dos trabalhadores estavam na informalidade (1,2 milhão de pessoas). Na desagregação por atividade, o Ipea constatou que 44,3% das pessoas em home office estavam em atividades de serviços, 38,4% no setor público, 7% na indústria e 4,9% no comércio. A maior concentração de pessoas trabalhando remotamente continuou no Sudeste brasileiro (58,4%).
Estados
Por unidade federativa, a pesquisa aponta que o Distrito Federal seguiu liderando o ranking, com 32,98% da massa de rendimentos efetivamente recebida por trabalhadores em home office, seguido pelo Rio de Janeiro (29,14%) e São Paulo ( 24,15%). O Mato Grosso foi o estado com o menor percentual (6,78%).