Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de janeiro de 2025
A irregularidade das chuvas no Rio Grande do Sul começa a preocupar produtores rurais, que já estimam perdas nas lavouras de diferentes regiões do Estado. Em Santa Rosa (Noroeste gaúcho), por exemplo, foram apenas quatro dias de precipitações acima de 10 milímetros ao longo de dezembro. E em janeiro ainda não choveu.
Já em São Borja (Fronteira-Oeste), foram registrados apenas três dias de chuva no mês passado. Na cidade de São Sepé (Região Central), não chove já pelo menos 30 dias. “Nas sojas mais precoces a quebra é de 50%, as mais tardias se não morrerem tem alguma possibilidade de recuperação”, avalia o produtor de soja Leonardo Soprano. “Mesmo assim, a quebra é enorme, com mais um ano perdido pela seca.”
Ele relata que apenas uma das últimas seis safras não foi afetada por problemas climáticos: quatro acabaram impactadas da estiagem, em contraste com a do ano passado, que penou com os efeitos do excesso das chuvas no momento da colheita: “Se contar a seca desse ano, aí já vamos para cinco secas em sete anos”.
Já o produtor Daniel Calegari, de Soledade (Região Planalto), explica ter optado por não cultivar a soja nesta safra, após cinco anos de frustração. Geismar Ramos Idalgo, de Candiota (Região Sudeste), conta que há mais de 20 dias não chove: “A lavoura já sente os efeitos, em um momento chave para a produção”.
Com a palavra, a meteorologia
A meteorologista Estael Sias, da MetSul, explica que, de forma geral, a chuva apresentou uma diminuição a partir de dezembro no Rio Grande do Sul, especialmente nas regiões Oeste e Noroeste do mapa:
“O que regula a chuva no Brasil é o canal primário de umidade da Amazônia. Então, para onde está indo a umidade da Amazônia, a qualidade da chuva é melhor, chove mais, de forma consistente, abrangente, por dias seguidos, e que é a chuva que a agricultura precisa. Mas ele não chega com força suficiente para trazer chuva para os Estados do Sul do Brasil”.
Estael acrescenta que essa distribuição irregular é típica do verão, quando a umidade se concentra nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte do Nordeste. No Rio Grande do Sul, é comum a incidência de períodos de estiagem durante o verão, com duração de 10 a 15 dias, alternados a precipitações mal distribuídas e irregulares.
“A ocorrência tardia do fenômeno La Niña, que se formou recentemente, pode agravar essa situação, ampliando os riscos ao setor agrícola, sobretudo no que se refere à soja e ao milho”.
Mesmo as áreas que registram chuvas, como Porto Alegre, a Serra Gaúcha e Leste do Estado, registram volumes de chuva abaixo de 10 milímetros nos últimos 15 dias.
A meteorologista avalia que, a partir dos últimos dez dias de janeiro, a chuva deve retornar à Região Sul do País. Mas deve ser marcada por pancadas rápidas e de curta duração, seguidas de períodos com tempo firme.
“Isso vai ajudar a aliviar um pouco o cenário”, diz a especialista da Metsul, destacando que fevereiro e março devem seguir o padrão de irregularidade, com chuvas intercaladas por longos períodos secos, sendo comuns os temporais localizados, com volumes de até 100 milímetros em algumas áreas, enquanto outras ficam praticamente sem chuva. (Com informações de O Globo)
Voltar Todas de Rio Grande do Sul