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Irritado, Sergio Moro cobra Bolsonaro após seu partido decidir recorrer para cassá-lo

Nos bastidores, Moro também tem feito duras críticas a Bolsonaro por não cumprir a palavra. (Foto: Agência Brasil)

O senador Sergio Moro (União-PR) não reagiu nada bem à notícia de que o PL pretende recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no processo de cassação do ex-juiz, contrariando a promessa feita por Jair Bolsonaro de que a sigla não prosseguiria com a ação.

Na semana passada, Moro procurou Fábio Wajngarten, advogado e assessor de comunicação de Bolsonaro, para cobrar explicações. O senador ouviu de volta que o ex-presidente segue atuando para que o PL desista do recurso.

Nos bastidores, Moro também tem feito duras críticas a Bolsonaro por não cumprir a palavra. A aliados o ex-juiz avaliou que a decisão mostra que Bolsonaro não tem poder sobre o próprio partido, atualmente presidido por Valdemar Costa Neto.

Moro afirmou, nesta segunda-feira (15), ter sido vítima de uma “crueldade” ao se referir às ações do PT e do PL no bojo da acusação de abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2022. Durante entrevista, Moro demonstrou irritação ao comentar a decisão do partido do ex-presidente em recorrer ao TSE após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná rejeitar, por 5 votos a 2, os processos que pedem a cassação do mandato dele.

O presidente do PL já havia revelado a vontade de atender ao pedido de Bolsonaro para que a legenda não prosseguisse com a ação no TSE. O ex-mandatário garantiu, em outra ocasião, que o PL não iria recorrer da decisão do tribunal paranaense na instância jurídica máxima da Justiça Eleitoral brasileira. Apesar disso, a deliberação não foi favorável para o senador, que chegou a procurar interlocutores de Bolsonaro para cobrar uma posição.

“Nossa vontade é retirar o recurso, mas, caso o PL não recorra, terá que pagar a multa, está em contrato. Atualmente, o PL só conta com a verba do fundo partidário, estamos sem recursos próprios para pagar este valor desde 2023, quando fomos multados em R$ 22,9 milhões pelo ministro (do STF) Alexandre de Moraes”, disse Valdemar Costa Neto.

Ao ser questionado sobre como está o relacionamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro atualmente, Sergio Moro, que foi ministro da Justiça, relembrou que ambos tiveram divergências durante o governo, mas preferiu deixá-las de lado devido a um “compromisso com os eleitores paranaenses”. Ele abandonou o cargo de ministro em 2020, após acusar Bolsonaro de interferir na atuação da Polícia Federal (PF).

“Fui ministro e saí do governo. Mas, quando foi aquele momento do segundo turno em 2022, eu deixei essas divergências de lado e até tinha assumido um compromisso com os eleitores paranaenses em apoiar o presidente para reeleição. Eu não escondo que tive divergências com o presidente Bolsonaro”, disse.

Sergio Moro ainda aguarda o possível recurso do PL e do PT prometido pelos advogados das siglas.

 

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