A oposição sabia que seria derrotada na votação sobre o relatório, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, que mandou arquivar o processo contra o presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco. Por isso, deputados do PT e aliados entraram no jogo do esconde-esconde desde a manhã até o final da tarde de ontem, impedindo que chegasse ao número mínimo de 342 em plenário. Foram oito horas de obstrução, o que levou o time governista à provocação e ao desespero em sucessivos discursos na tribuna. Havia temor de que a votação fosse adiada para a próxima semana, desgastando por mais tempo o núcleo do poder.
Convictos e constrangidos
Em relação à denúncia, os deputados favoráveis ao arquivamento do processo dividiram-se entre os que estão sempre com o governo, seja qual for, até debaixo d’água. Os outros, constrangidos, queriam evitar que, a menos de um ano das eleições, o País viesse a sofrer um trauma profundo, afetando a já combalida economia.
Pequena diferença
A 2 de agosto deste ano, Temer teve a primeira denúncia arquivada com apoio de 263 deputados contra 227. Ontem, foram 251 a 233.
Faltam 14 meses e seis dias para o presidente perder o privilégio da licença do Congresso e enfrentar o processo no Judiciário.
Aumenta a mordida
A criação do financiamento público das campanhas criou problemas para muitos que vão concorrer. Cabos eleitorais e outros apoiadores periféricos têm se apresentado, exigindo mais dinheiro para as campanhas, sob alegação de que agora estarão disponíveis 3 bilhões de reais dos cofres públicos.
Como será?
As dúvidas para os candidatos começam pela forma que os partidos usarão para distribuir os recursos. Alguns estimam que deputados estaduais, que disputarão a reeleição, não irão receber além de 20 mil reais cada, valor insuficiente até para a arrancada. O certo é que dará briga. Quanto mais as direções adiarem a definição do critério, mas se incomodarão na reta final.
Plateia cansou
Diante da crise financeira do Estado, não adianta mais o governo tentar encenar a peça Estratégia do Avestruz.
Banqueiros andam sorridentes
O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica de juros) em 0,75 ponto porcentual. De 8,25% veio para 7,50% ao ano. É um dos menores patamares registrados na história de um país campeão mundial dos juros altos. Porém, a taxa do cheque especial para empresas cresceu de 328,3% para 338,8%. Absurdo.
Sinal fechado
As direções nacionais do PT e do PDT têm conversado e a tendência é de que recomendem alianças nos Estados. Valerá de Santa Catarina para o Norte do País. A migração de Jairo Jorge inviabiliza qualquer cogitação no Estado.
Negócio rentável
As vendas ilegais nas calçadas têm como atrativo a lucratividade. Com demanda aquecida e baixo custo, o ganho é elevado. Quem conhece o setor diz que chega a ser 60% maior do que o obtido com o tráfico de drogas.
Desolador
Quando estourou o mensalão, há 12 anos, achava-se que nada pior ocorreria. A opinião pública ficou estarrecida com os que alugaram a vontade em troca de quantias mensais. Muitos votaram não pelo que achavam certo, mas porque eram orientados e assalariados. Sucederam-se as eleições de 2006, 2010 e 2014, com muitas as figuras carimbadas voltando ao cenário.
À base de espasmos
A história da economia brasileira mostra que o crescimento se dá a taxas extremamente baixas e até negativas, incompatíveis com a grandeza do país.
Regra permanente
A 26 de outubro de 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que não iria demitir os ministros do PMDB, caso o partido decidisse não apoiar o governo. Sabia que a paixão por cargos estava acima de tudo.