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Isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil vai beneficiar 10 milhões de brasileiros

O custo estimado no primeiro ano da medida é de R$ 27 bilhões. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O governo enviou nesta terça-feira (18) ao Congresso o projeto de reforma do Imposto de Renda (IR) que isenta de tributos pessoas físicas que ganham até R$ 5 mil por mês, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O custo estimado no primeiro ano da medida é de R$ 27 bilhões, antecipou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Segundo técnicos a par das discussões, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil vai beneficiar 10 milhões de contribuintes pessoas físicas, incluindo os que terão zerada a cobrança do IR e os que sentirão os efeitos indiretos, por ganharem pouco acima disso. Já o novo imposto para cobrir a renúncia fiscal vai afetar um universo de 141 mil pessoas, sendo que a maioria aufere renda com dividendos.

Para cobrir essa renúncia fiscal, a proposta do governo cria uma alíquota mínima a ser cobrada de quem ganha acima de R$ 600 mil por ano. Esse imposto irá considerar praticamente todos os recebimentos do contribuinte, com algumas exceções, que serão detalhadas hoje na apresentação da proposta.

A alíquota começa em zero e vai subir gradativamente, até que quem recebe mais de R$ 1,2 milhão todos os anos pague, pelo menos, 10% de imposto sobre sua renda, incluindo dividendos — modelo de distribuição de lucros pelas empresas que hoje é isento para pessoa física.

Atualmente, o Imposto de Renda sobre dividendos só é cobrado na pessoa jurídica, a uma alíquota fixa. Como os mais ricos recebem mais dividendos, a cobrança efetiva (após os descontos com gastos de educação, saúde e outras isenções) do IR acaba ficando proporcionalmente menor para quem ganha mais.

Com queda na popularidade e baixa aprovação do governo, o aumento da isenção na faixa do Imposto de Renda é a principal aposta de Lula para reverter esse quadro.

A medida será o carro-chefe do Executivo no Congresso e entrará em vigor em 2026, ano de eleições presidenciais. Além da isenção, outra promessa de Lula endereçada neste momento é atingir o que o governo chama de “super-ricos”.

O projeto chegou a ser anunciado por Haddad em novembro junto com o pacote de medidas de corte de gastos. Essa mistura de temas, aliada a uma desconfiança sobre a compensação, gerou forte reação negativa no mercado financeiro, o que fez a cotação do dólar ultrapassar os R$ 6. Agora, a proposta será efetivamente encaminhada ao Parlamento para começar a tramitar.

No caso do imposto mínimo, não haverá um tributo extra, uma sobretaxa. O cálculo será feito com base na alíquota efetiva, aquela que é realmente paga pelo contribuinte, após descontos com gastos de saúde e educação e isenções.

Para dar efetividade a essa medida, a proposta virá acompanhada da retenção de imposto na fonte sobre dividendos pagos a sócios de empresas no país ou remetidos para o exterior.

Pelo desenho em discussão naquele momento e que tende a se confirmar, a medida vai afetar pessoas físicas que ganham mais de R$ 50 mil em dividendos por empresa mensalmente. A alíquota que será aplicada na fonte na distribuição de dividendos, aguardada pelo mercado, será anunciada hoje. No ano passado, o governo previa um percentual de 7,5%.

O projeto não altera os tributos pagos por pessoas jurídicas. Mas, na hora de acertar as contas com o Fisco, na declaração de ajuste anual, o montante efetivamente pago pelo contribuinte será calculado levando em conta o que foi pago pela empresa que distribui o dividendo.

Se o valor ficar acima das novas exigências, haverá um desconto, uma restituição. Se ficar abaixo, será preciso pagar a diferença.

Da mesma forma que a compensação será detalhada, o mecanismo do imposto de ajuste na isenção para quem ganha até R$ 5 mil por mês também precisará ser informado pelo governo. Não haverá uma simples correção na tabela do IR.

Apenas quem ganha até R$ 5 mil terá o pagamento zerado. Acima desse valor e até R$ 7 mil, haverá uma “escadinha” de aumento de tributo. Superados os R$ 7 mil, volta a valer o atual mecanismo do Imposto de Renda, com suas alíquotas progressivas que vão até 27,5% nominais.

Haddad disse que o impacto da isenção é estimado em R$ 27 bilhões no ano que vem. A expectativa inicial da equipe econômica era que a correção custasse R$ 32 bilhões, mas houve um recálculo do valor.

O ministro da Fazenda explicou que o número será menor por causa dos efeitos das isenções de até dois salários mínimos que o governo já concedeu. O governo pretende, ainda este ano, elevar a isenção do IR dos atuais R$ 2.824 para R$ 3.036 — o equivalente ao valor de dois salários mínimos. Daí, há menos pessoas pagando IR. As informações são do portal de notícias O Globo.

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