Terça-feira, 07 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de julho de 2018
Isolado politicamente após ser preterido pelos partidos do Centrão, Ciro Gomes oficializou sua candidatura, na sede do PDT, em Brasília, com críticas ao mercado financeiro. “Essa gente quebrou o nosso País a pretexto de austeridade”, disse o candidato à Presidência da República. Ele voltou a se referir ao mercado como “baronato” – mesma expressão que usava nas eleições de 2002.
Apesar do tom, Ciro Gomes também tentou se vender como um nome moderado, conciliador e capaz de abraçar as agendas do Centrão e da esquerda. No discurso lido, sem improviso, o presidenciável misturou rigor fiscal, segurança pública e afagos à classe média com homenagens a Leonel Brizola e elogios ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A última vez que o PDT lançou um candidato à Presidência foi em 2006, com o senador Cristovam Buarque (DF), que atualmente está no PPS.
Com a ausência de dirigentes de outros partidos, a sombra do “não” do Centrão pairou sob a convenção. Pedetistas se esforçaram para diminuir a força dos que agora se juntaram à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). Antes da chegada de Ciro ao evento, seu coordenador da campanha, o ex-governador Cid Gomes, afirmou que “a prioridade sempre foi uma aliança progressista, principalmente com o PSB”.
Conforme o jornal O Estado de S.Paulo, o líder do partido no Congresso, André Figueiredo, foi ainda mais longe: “Com a saída do Centrão, a questão da vice fica mais simples de resolver. Acredito que ela possa ser oferecida ao PSB”, disse. Sem a presença de representantes na homologação de Ciro, nomes do PSB e do PCdoB pedem mais tempo para a definição. No PSB, por exemplo, dirigentes falam que a tendência para uma coligação com o PDT já não é mais majoritária. A reunião da executiva do PSB, que iria deliberar sobre o assunto, já foi adiada duas vezes e deve ocorrer no dia 30 de julho.
A ala nordestina do partido quer fechar com o PT e a tese de candidatura própria ou de neutralidade têm conquistado mais adeptos. No PCdoB, a presidente da legenda, Luciana Santos, mantém o discurso de “união do campo da esquerda”, mas não define se essa união poderia se dar ao redor de Ciro. A candidatura de Manuela d’Ávila continua de pé. Foi nesse contexto que Ciro chegou à convenção. Ao som de Asa Branca e “Brasil pra frente, Ciro presidente”, o candidato fez uma rápida aparição no palco montado na ala externa da sede do partido.