Sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2024
Coleciono histórias de idosos que vão apresentando sinais de isolamento, depressão e declínio cognitivo sem que as famílias se deem conta do que está acontecendo. Não se trata de descuido, porque a maioria se preocupa com os entes queridos, mas, principalmente, de uma mistura de falta de conhecimento e até de uma postura de negação – o equivalente a algo como: “isso não pode estar acontecendo com ele ou ela”.
Uma amiga não conseguia perceber que sua mãe não tomava mais banho e repetia que ela desfrutava de perfeita lucidez. Outro conhecido não reconhecia os indícios de depressão do pai, que passava o dia afundado no sofá assistindo a séries.
Em casa, pilhas de louça e roupas sujas são indicativos de necessidade de ajuda, assim como alimentos e remédios fora do prazo de validade. E o que dizer de amassados no carro, contas não pagas e medicamentos que não estão sendo tomados? Não é incomum que idosos independentes e com autonomia comecem a “driblar” as primeiras manifestações de declínio porque não querem se sentir vulneráreis ou sujeitos à tutela de filhos e parentes.
Muitas vezes, apenas alguns ajustes poderão fazer uma enorme diferença, como ter alguém para auxiliar nas tarefas durante algumas horas por dia. O melhor é encarar a situação com objetividade e empatia.
Ao sentir-se isolada e desconectada, a pessoa passa a se descuidar de si mesma e da casa. Para a gerontologista Lakelyn Eichenberger, ainda que a pandemia tenha acabado, o sentimento de distanciamento dos idosos persiste: “a casa é um lugar seguro e acolhedor para os mais velhos, mas eles não podem viver sem laços e conexões, e qualquer mudança de comportamento precisa ser levada em conta”.
Fique atento aos sinais
Aqui estão cinco sinais que devem chamar a atenção de amigos e parentes:
1. Falta de comunicação: perda do interesse em socializar, presencialmente ou on-line. O idoso também se repete com frequência, não encontra as palavras certas para se expressar, ou esquece o que ia dizer no meio da frase?
2. Mudanças de humor: é possível notar alterações no comportamento, como confusão mental ou tristeza e melancolia persistentes? A pessoa tem enviado mensagens de texto ou de voz que parecem fora do padrão habitual?
3. Alterações na aparência: as roupas estão sujas ou amarrotadas e os cabelos, sebosos? O idoso ganhou ou perdeu peso recentemente? Há sinais de contusões e quedas?
4. Dificuldade de concentração: eles parecem alheios ou agitados em excesso? Não conseguem manter uma conversa? Têm problemas para ouvir ou pedem para as informações serem repetidas?
5. Perda de memória: está ficando complicado lembrar os nomes dos familiares e amigos, ou se esquecem de eventos importantes?