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Ataque-surpresa do Hamas a Israel pode indicar falha na inteligência das forças israelenses

Chama atenção o planejamento e o sucesso do ataque do Hamas. (Foto: Getty Images)

O ataque-surpresa do Hamas, em que dezenas de palestinos se infiltraram no sul de Israel a partir da Faixa de Gaza, representa “uma colossal falha de inteligência”. Mais de 5 mil bombas lançadas e pelo menos 300 israelenses e 232 palestinos morreram nesse sábado (7). Esse é o saldo das primeiras horas da resposta de Israel ao ataque-surpresa do Hamas nesse sábado — que colocou os dois lados em uma guerra declarada.

“O país possui uma das redes de inteligência mais extensas e sofisticadas do Oriente Médio e tem informantes em grupos militantes não apenas nos territórios palestinos, mas também no Líbano, na Síria e em outros locais”, analisa Frank Gardner, correspondente de Segurança da BBC News.

Gardner aponta que, no passado, essa rede de inteligência foi capaz de assassinar líderes militantes com ataques precisos de drones ou mesmo com armadilhas em celulares.

“Hoje, no final de um feriado judaico, essa rede parece ter sido apanhada dormindo ao volante. O Hamas conseguiu planejar e lançar este ataque cuidadosamente coordenado contra Israel, aparentemente em total sigilo”.

Gardner constata que Israel retaliará a ação palestina com força maciça. “Mas os israelenses perguntarão agora por que é que os espiões do país não previram e nem alertaram o país”, conclui ele.

Representantes do governo de Israel disseram a Gardner que uma investigação já está em andamento para descobrir como o sistema de inteligência do país não foi capaz de antecipar o ataque coordenado do Hamas.

Segundo o correspondente, “é pouco provável que os homens armados do Hamas que se infiltraram no sul de Israel permaneçam em liberdade por muito tempo”. Gardner antevê que “eles serão mortos ou capturados pelas Forças de Defesa de Israel, ou sairão por conta própria do território.

Para ele, “a situação mais complicada envolve os israelenses supostamente mantidos como reféns pelo Hamas e possivelmente levados para Gaza”.

Nesse caso, Israel tem duas opções: “montar uma missão especial de resgate ou esperar e negociar. Ambas estão repletas de riscos.”

Sem precedentes

Para Jeremy Bowen, editor de internacional da BBC News, os últimos acontecimentos em Israel não tem precedentes nos mais de 15 anos desde que o Hamas ganhou controle sob a faixa de Gaza.

“Isso acontece depois de meses de violência e tensão crescente entre israelenses e palestinos, embora a maior parte disso tenha se concentrado na Cisjordânia, território que Israel ocupa desde 1967, que se estende entre Jerusalém e a fronteira com a Jordânia”, explica ele.

“Há uma grande possibilidade de envio de tropas para Gaza. Esta situação irá evoluir rapidamente e é provável que se agrave. Uma grande questão é o que acontece agora —não apenas nos arredores de Gaza— mas também em Jerusalém e na Cisjordânia, onde há meses se verifica uma violência repetida e cada vez mais profunda entre grupos armados palestinos e as forças de segurança e colonos israelitas.”

“Uma situação já volátil será certamente exacerbada por estes acontecimentos recentes. Portanto, penso que neste momento, para israelenses e palestinos, esta é uma manhã totalmente inesperada e altamente preocupante”, conclui ele.

 

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