O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, declarou nesta segunda (26) que seu país vai doar de 200 a 300 toneladas de um produto químico para ajudar a combater as queimadas na Amazônia. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
“É um ato de amizade, não um ato político”, declarou Shelley, após receber uma homenagem da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Shelley é amigo do presidente Jair Bolsonaro, de quem o governo de Israel é aliado próximo.
Ele não soube especificar que produto é esse. Declarou apenas que são “retardantes de fogo” para serem jogados de aviões.
Os produtos devem ser comprados por Israel dos EUA e trazidos ao Brasil em breve. “Essas coisas podemos dar apoio quase já já”, afirmou.
Shelley não quis dar uma previsão de chegada do produto, porque afirmou que virão em dois aviões grandes de carga de Israel, e a logística para isso ainda está sendo acertada.
Também não soube precisar em quais áreas da Amazônia serão despejados.
“Temos grande confiança no presidente [Bolsonaro] e na equipe dele. Estão fazendo tudo para salvar e cuidar do meio ambiente”.
Segundo ele, não está prevista a utilização de aviões ou equipamentos israelenses, nem de pessoal especializado, como ocorreu em Brumadinho (MG).
Promessa entre presidentes
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, telefonou ao presidente Jair Bolsonaro no domingo (25) e ofereceu ajuda no combate às queimadas na Amazônia.
Segundo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ), que publicou a informação no Twitter, o governo aceitou receber de Israel um avião com equipamentos para apagar incêndios.
Eduardo afirmou ainda que conversou com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, informando que o avião pousará em local definido pelas Forças Armadas brasileiras.
Depois do filho, Bolsonaro também publicou a informação no Twitter. Segundo o presidente, Netanyahu reconheceu os esforços do Brasil no combate aos focos de incêndio. “Aceitamos o envio, por parte de Israel, de aeronave com apoio especializado para colaborar conosco nessa operação”, afirmou.
Bolsonaro tem procurado gestos de aproximação com os EUA e Israel para tentar mostrar que não está isolado no cenário internacional em meio à pressão dos europeus sobre sua política ambiental.
O presidente francês, Emmanuel Macron, liderou esse movimento de críticas na semana passada, ao chamar ao dizer que o presidente brasileiro mentiu, ameaçando o futuro do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.
Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, publicou no Twitter que havia falado com Bolsonaro e ofereceu ajuda para combater os incêndios. “Estamos prontos para dar assistência”, escreveu o mandatário americano.
Até o momento, o governo não soube informar de que forma o governo dos EUA pode contribuir para conter as queimadas na floresta amazônica.
A ligação de Netanyahu foi recebida domingo durante uma reunião de Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, com o filho Eduardo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Filipe Martins.
O apoio de Israel ao Brasil foi defendido na semana passada pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Ramos, que escreveu nas redes sociais que o Brasil não precisava de discursos, mas sim de ajudas práticas. Ele lembrou a ajuda israelense durante a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, no início do ano.
“A Amazônia brasileira é de responsabilidade do Brasil e do seu povo!! Não precisamos de discursos, de cunho intervencionista e sim de atitudes práticas de países que querem ajudar!! O recente exemplo de Israel em Brumadinho, diz muito mais do que palavras sem efeito prático!!”, escreveu.
O governo Bolsonaro tem dito que a questão da Amazônia é um tema de soberania nacional e respondido às críticas dos europeus dizendo que não precisa do dinheiro de países como Alemanha e Noruega, que recentemente suspenderam repasses de verbas para o Brasil pelo aumento do desmatamento.
O presidente sugeriu que a Noruega envie para o reflorestamento da Alemanha o montante que não será mais enviado para o Fundo Amazônia.
O país nórdico anunciou suspensão do repasse de cerca de R$ 133 milhões. Segundo ele, o Brasil está quebrando o acordo para redução do desmatamento.
A Noruega seguiu a decisão da Alemanha que também havia informado que suspenderia parte do financiamento de proteção ambiental para o Brasil. No mesmo tom adotado contra a Noruega, Bolsonaro sugeriu que a Alemanha refloreste seu próprio país. Pelo aumento no desmatamento, a Alemanha anunciou ainda que vai suspender mais de R$ 150 milhões.
As discussões sobre o apoio de Israel e EUA ocorrem logo após Macron ter levado a questão da Amazônia à reunião de cúpula do G7, fórum do qual o Brasil não faz parte.